13ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2022)

A décima terceira edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano foi realizada entre os dias 01 a 10 de dezembro de 2022, no formato híbrido. A Mostra teve seu retorno ao seu formato tradicional, com exibições presenciais no Centro Cultural Arte Pajuçara, após dois anos com exibições online e a circulação pelos bairros da edição anterior. Os filmes da mostra competitiva também foram disponibilizados online como os filmes da mostra paralela entre 05/12 até o dia 31/12.

Contou com a exibição presencial de 17 filmes e 09 videoclipes divididos em 03 sessões, 09 filmes exibidos no formato on-line na mostra paralela e 01 filme na mostra homenagem. As exibições presenciais foram prestigiadas por 660 pessoas, contabilizadas através da contagem de ingressos distribuídos, e as online 1.351 usuários de todo o mundo, contabilizados através do site oficial.

Foi realiza mostra especial com a exibição do longa-metragem em circulação comercial “Serial Kelly”, do diretor alagoano René Guerra. Após a sessão foi realizado debate. Também foram realizadas a sessão especial Atentos e Fortes, 13 anos de Sururu! e o lançamento do web documentário Histórias do Subsolo.

As atividades formativas aconteceram com os encontros presenciais no espaço do SEBRAE LAB e SESC POÇO. Entre os dias 30 de novembro à 03 de dezembro, ocorreu o Laboratório de Crítica Cinematográfica. De 01 a 03 de dezembro, aconteceu o laboratório de atuação “Do teste a Cena: Os caminhos da atuação”, com a instrutora Ticiane Simões. Nesta edição, os alunos do laboratório de atores, em parceria com NEPED e SESC, agraciaram a melhor atuação com o Prêmio Anita das Neves.

Foi realizada a tradicional reunião de balanço anual do Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano – FSAL, e a noite de encerramento, com premiação das obras, seguida da Homenagem ao realizador alagoano Rafhael Barbosa. 

Com intuito de promover a formação de público e difundir o audiovisual alagoano para novas esferas, a Mostra Sururu levou sessões itinerantes para comunidades no estado de Alagoas. As sessões da Mostra Itinerante aconteceram em 02 momentos, sendo dia 07/12 no Acampamento Marielle Franco, no município de Atalaia e no dia 08/12 o Quilombo Pau D’arco, no município de Arapiraca. 

No dia 07/12, ocorreu uma agenda pública entre FMAC – Fundação Municipal de Ação Cultural e SPCINE, articulada pela Mostra Sururu em prol de uma abertura de diálogo visando possibilidades de consultoria para tratar sobre a estruturação da Film Commission de Maceió, como também sobre as políticas públicas para o setor.  

No dia 10/12,  a Mostra Sururu mobilizou no espaço destinado ao Mercado da Produção uma ampla discussão sobre políticas públicas voltadas à formação como vetor de desenvolvimento do audiovisual, com foco em aproximação com o mercado, além de uma mesa sobre a construção de políticas públicas para o audiovisual, com ênfase na atuação de uma film commission em Alagoas.

A 13ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano foi realizada pelo Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano com produção da Caranto Media, Correalização da Filmes das Piabas, Sambacaitá Produções e OnzeOnzeLab, patrocínio do Sebrae Alagoas, Incentivo da ANCINE, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual, o FSA, junto do BRDE, em parceria com a FMAC – Prefeitura de Maceió, através da política dos Arranjos Regionais. Apoio cultural do Sesc Alagoas e da Spcine, parceria do Alagoas, do Mirante Cineclube, do NEPED e do Restaurante Lua Cheia.


SELECIONADOS

Abaporu de Igor Vasconcelos, 23min40seg, 2021, Ficção, Arapiraca
Apenas um atalho de José Arnaldo, 3min40seg, 2021, Ficção, Maceió
Balizando os sentidos de Direção Coletiva, 14min21seg, 2022, Documentário, Arapiraca
Dois Cabras de Alex Walker, 24min55seg, 2022, Ficção, Maceió
Ella de Direção Coletiva, 5min, 2021, Videodança, Maceió
Estada de Laryssa Andrade, 42seg, 2022, Experimental, Maceió
Filhas de Criação de Aldemir Barros, 22min43seg, 2022, Documentário, Quebrangulo
Grito D’Água de Romiltinho e Igor Lira, 08min30seg, 2022, Ficção, Maragogi
Infantaria de Laís Santos Araújo, 24min, 2022, Ficção, Barra de São Miguel e Maceió
Maninha Xukuru-kariri de Aldemir Barros e Celso Brandão, 23min40seg, 2022, Documentário, Maceió
Memórias por um fio de Ivana Iza e Thiago Laion, 26min, 2022, Documentário, Maceió
Natureza e destino de Bruna Costa Leite, 4min, 2022, Documentário, Maceió
O menino e a caixa de sapato: A história de um cinéfilo de Benival Melo Farias, 22min, 2021, Documentário, Maceió
O oceano de Dália de Jasmelino de Paiva, 20min29seg, 2022, Ficção, Maceió
Pretinha de Yohana Fideles e Henrique Mota, 16min, 2022, Documentário, Maragogi
Revolução Felina de Victor Viana, 7min54seg, 2021, Animação, Maceió
Um topete de artista de Carlos Alberto Barros e Allexandrëa, 10min12seg, 2021, Documentário, Maceió
Usuário 82 de João Victor de Holanda Gomes, 18min, 2022, Ficção, Marechal Deodoro

Videoclipes
1912 de Tequilla Bomb feat Terra Treme, 2022
Bambolê de Dabiig, 2022
Dói de Caia Praças, 2021
Dólares de MG Alvez feat Curilli, 2022
Facetime de Aldo Vinicius, 2022
Luz Azul de Carlos Lins e Raphael Carius, 2022
Onde Habita Minha Alma de Artehfato, 2021
Outro som, outro tom de Caíque, o Jorg, 2021
Presente de Odoya, Amor preto cura, de Mary Alves, 2022


CURADORIA

Leonardo Amaral, Nilton Resende e Valeria Nunes.


JÚRI OFICIAL

KIKA SENA

Arte-educadora, diretora teatral, atriz, poeta e performer residente em Rio Branco, Acre. Licenciada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB) e mestranda em Teoria e Prática das Artes Cênicas pela Universidade Federal do Acre, Kika Sena é pesquisadora nas áreas de gênero, sexualidade, raça e classe e partir de 2015, vem desenvolvendo pesquisas relacionadas à área de voz e palavra em performance com cunho político referente ao corpo da mulher trans e travesti na cena teatral e social.

DANIEL JADER

Formado pela UFMG e co-fundador da Cardume, streaming dedicado exclusivamente a filmes brasileiros, é também ator e bailarino. Na Cardume integra a equipe de inteligência comercial e é também mediador das sessões de cinema online com debate. Como ator já trabalhou com nomes como Marcelo Caetano, Elza Cataldo entre outros. Nos últimos anos, além do constante estudo na atuação, dedica-se também ao estudo de roteiros audiovisuais. Em 2020 ganhou o prêmio de melhor roteiro de curta no ROTA e  foi integrante do júri de longas metragens no Festival de Cinema de Gramado. Em 2022 foi integrante das comissões de curadoria do 6º Prêmio ABRA para curtas-metragens e do 10º FRAPA.

LORENNA ROCHA 

Historiadora (UFPE), pesquisadora, crítica cultural e programadora. Co-fundadora da INDETERMINAÇÕES – plataforma de crítica e cinema negro brasileiro (PE/MG) Editora-chefe da camarescura – estudos de cinema e audiovisual (PE). É editora e crítica teatral da revista multimídia Quarta Parede (PE). Foi redatora da Revista Cinética (SP) e do blog Sessão Aberta (SP). Integrou a curadoria da edição especial do Janela Internacional de Cinema do Recife (2022) e das duas últimas edições do FestCurtas BH (2021, 2022). Tem textos publicados em sites, blogs e revistas como Verberenas (DF), Cine Festivais (SP), Critical Stages (UK) e Questão de Crítica (RJ) e em catálogos de festivais de cinema como Fórum Doc (MG) e FestCurtas BH (MG). Desde 2019, ministra cursos e oficinas acerca dos cinemas e teatros negros brasileiros e da crítica. 


PREMIAÇÃO

JÚRI POPULAR

MELHOR FILME – INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

MELHOR VIDEOCLIPE – PRESENTE DE ODOYA DE MARY ALVEZ

PRÊMIO OLHAR CRÍTICO

INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

Dentro dos filmes exibidos na 13ª edição da Mostra Sururu, a Oficina Crítica escolheu um curta que é um paradoxo de robustez e delicadeza. Desconfortante. Explosivo. Efervescente. De forma sútil, explora uma temática polêmica, tratada socialmente com bastante julgamento moral. E na contramão de uma visão moralista, o curta deixa o telespectador concluir por si só, não força respostas, permite sentir suas imagens. Despretensiosamente, molha nossos pés em águas serenas, convida a um mergulho suave no inconsciente. De súbito, somos arrastados pela correnteza tórrida e revolta da trama. Perdemos o fôlego. Por fim, nos arrasta de volta à margem, deslumbrados com essa experiência impactante e imersiva. O filme premiado do Júri da Crítica é Infantaria, de Laís Santos Araújo.

PRÊMIO ANITA DAS NEVES

ABIDES OLIVEIRA – DOIS CABRAS

KAROLAYNE RAYSSA – INFANTARIA

Carta da comissão do Prêmio Anita das Neves

PRÊMIO CARDUME

INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

MANINHA XUKURU KARIRI DE ALDEMIR BARROS E CELSO BRANDÃO

O OCEANO DE DÁLIA DE JASMELINO DE PAIVA

A Cardume é uma plataforma de streaming exclusiva para curtas e médias brasileiros, que visa difundir, fomentar e internacionalizar o cinema independente nacional. Os filmes escolhidos por nós celebram a escolha curatorial da plataforma,  sendo um recorte muito preciso do cinema contemporâneo de curta-metragem brasileiro ao trazer a regionalidade, a autoralidade e questões políticas urgentes para a tela.

Parabéns para os realizadores da Mostra Sururu, pela resiliência e por incentivar o cinema alagoano. Os filmes ganham vaga garantida no catálogo da Cardume (podendo entrar na plataforma quando quiserem e a partir do momento que entrar passa a receber os dividendos da plataforma) ,  1 assinatura de 6 meses do plano Coral, (que é o nosso plano Premium, voltado pra produtores)

JÚRI OFICIAL

PERFORMANCE – “MONSTER”, A DONA DO BAR, AMAYA DE LUCCA, EM GRITO D’ÁGUA DE DIREÇÃO COLETIVA

“Sereia Rainha”, a dona do bar de Grito d’Água

Às vezes, no cinema, nem sempre o que está em primeiro plano ou em maior evidência é o que nos desperta curiosidade ou nos prende à tela. Às vezes, é uma presença até sem nome, mas com uma força expressiva tão significativa, que nos captura e nos impõe o desejo de conhecer mais sobre aquela figura, sobre sua história. O prêmio de Melhor Performance da 13ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano vai para alguém que apelidamos carinhosamente de “Monster”. Ao mesmo tempo em que parece reger todo o crime orquestrado pelo bando de mulheres sobrenaturais – as jovens iaras -, são, na verdade, suas breves aparições na narrativa que tomam de assalto nossa atenção, uma presença forte e difícil de ser decodificada. Dona do bar da praia de Maragogi, nomeamos Monster pela sua grandiosidade sobrenatural, por se apresentar como uma espécie de mãe que flerta com as referências da cultura ballroom e por uma certa monstruosidade que permeia a misteriosa sereia não-binária. Premiamos Amaya de Lucca por sua performance em Grito D’Água, de Romiltinho e Igor Lira.

PERFOMANCE – MENÇÃO HONROSA: A DUPLA DE MENINAS, VERBENA E JOANA, KAROLAYNE RAYSSA E ANA LUIZA FERREIRA, EM INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

Por desenvolver personagens com forte densidade dramática, que passeiam entre diversas camadas e sensações de forma sutil, mas impactante, e trazendo nos olhos e nos silêncios a força dos conflitos da cena, a menção honrosa de melhor performance vai para o Ana Luiza Ferreira e Karolayne Raissa de Infantaria, filme de Laís Santos Araújo.

CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA – GRITO D’ÁGUA DE DIREÇÃO COLETIVA

O filme escolhido para ser premiado na categoria de Melhor Contribuição Artística nos chama atenção por nos fazer lembrar que a precariedade também pode se traduzir em inventividade. A recriação de contos tradicionais a partir de um olhar contemporâneo, próximo às vivências da juventude, nos lembra que a cultura popular e o imaginário de um território estão sempre em movimento e traz para a linguagem cinematográfica um frescor que não se limita a replicar formatos prontos, formatos esses que quase sempre diminuem a potência de nossa criatividade. Por seu esforço ficcional, sua vontade expressa em fazer cinema e por ser fruto de um processo formativo em audiovisual na cidade de Maragogi, Grito D’Água, de Romiltinho e Igor Lira, recebe o prêmio de Melhor Contribuição Artística na 13ª edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano.

CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA – MENÇÃO HONROSA: UM TOPETE DE ARTISTA DE CARLOS ALBERTO BARROS E ALLEXANDREA

Dedicamos a menção honrosa do prêmio de Melhor Contribuição Artística ao filme Um topete de artista, de Carlos Alberto Barros e Allexandrëa, pela relação estabelecida entre performance, cidade e corpo. E pela aposta em que política e estética caminham juntos, algo que se impõem na tela através da poesia, expressividade e canto do personagem que acompanhamos no documentário assinado pela dupla de realizadores.

CONTRIBUIÇÃO TÉCNICA: INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

O filme traz o que há de melhor no cinema contemporâneo brasileiro, ao não se omitir diante de uma temática tão urgente e polêmica e construir uma obra repleta de autoralidade sem perder o diálogo com o popular. Além de superar todos os desafios de se trabalhar com um elenco prioritariamente mirim em um filme de temática densa, Infantaria, de Laís Santos Araújo também nos presenteia com um primoroso trabalho técnico em várias dimensões: Uma composição bem equilibrada entre som e silêncio, que nos envolve na experiência sonora, um trabalho de arte com várias camadas que revelam, a cada cena do filme, novas nuances dos personagens, das suas relações e seus dramas, uma fotografia bem construída que, junto com a direção, culmina em enquadramentos que imprimem na tela uma obra de autora marcante. Destaque também para um roteiro extremamente bem construído, rico em subtextos e em suas extruturas narrativas. Como disse o mestre Eliseu Altunaga: “Um curta-metragem é uma flecha direto ao coração”. 

CONTRIBUIÇÃO POLÍTICA: MANINHA XUKURU KARIRI DE ALDEMIR BARROS E CELSO BRANDÃO

Pelo retratação contundente  da história de Maninha Xukuru Kariri, uma liderança indígena de grande importância para a história do estado de Alagoas, além de reconhecer e movimentar a luta de mulheres indígenas, o prêmio de Contribuição Política vai para Maninha Xukuru Kariri, de Aldemir Barros e Celso Brandão.

CONTRIBUIÇÃO POLÍTICA – MENÇÃO HONROSA: UM TOPETE DE ARTISTA DE CARLOS ALBERTO BARROS E ALLEXANDRËA

Por se encarregar de apostar na estética e na política com a mesma densidade de criação, evidenciando a performance de Topete como ação poética que fortalece o fazer cultural alagoano, o júri decide premiar com menção honrosa o filme “Um topete de artista”, de Carlos Alberto Barros e Allexandrëa.

MELHOR FILME: INFANTARIA DE LAÍS SANTOS ARAÚJO

Pela delicadeza e primor em retratar de maneira poética, mas também ética e política a complexidade das questões de gênero, raça e classe que atravessam a vivência de meninas e adolescentes periféricas, bem como pela denúncia nada sutil ao abandono paterno, agregados a uma harmonia dos elementos que empoderam uma narrativa urgente pelo debate, o prêmio de Melhor Filme vai para “Infantaria”, de Lais Santos Araújo.