Perguntas e revisão: Larissa Lisboa. Respostas: Paulo Accioly. Imagem: Joaddan Campos.
Paulo Accioly está estudando arte e imagem (art et image) na École Kourtrajmé na França, uma busca que teve início a partir do trabalho desenvolvido por ele na fotografia, e desagua diante da necessidade de confinamento, em expressão artística e animação das obras de mais de 60 artistas, que dão corpo a videodança, O Abraço Logo Vem. Em meio ao lançamento deste que é o primeiro filme de Paulo foi proposta pelo Alagoar esta entrevista para compartilhar um pouco de sua vivência e do processo de construção de O Abraço.
Larissa Lisboa: Como teve início a sua relação com o cinema?
Paulo Accioly: Oficialmente foi através de um edital da PROINART, na UFAL. O projeto de uns amigos foi aprovado e me chamaram pra participar fazendo a fotografia. Gravamos dois dias e o projeto foi interrompido pela universidade. Mas, na real, o interesse nasceu quando eu descobri um pouco sobre a fotografia no cinema, quando comecei a entender como esse universo funcionava.
LL: Como o seu diálogo com a arte se relaciona com a realização audiovisual?
PA: Eu venho da fotografia e, apesar de algumas poucas experiências, sempre tive o audiovisual como algo que não era pra mim. Depois que passei a estudar arte “formalmente” (as aspas estão aí porque apesar de ser uma escola de arte onde estudo hoje, a dinâmica é completamente diferente da tradicional), entendi que a fotografia não era suficiente para falar o que eu queria falar, eu precisava explorar outros suportes. Comecei com foto + intervenção, texto já era algo que eu tinha explorado de forma espaçada na vida. Fiz algo de instalação, experimentei com obras irônicas inspiradas no dadaísmo, cheguei a fazer colagem pro último projeto da escola e o vídeo, a animação, veio naturalmente nessa busca pelo novo.
LL: O que inspira a sua relação com a videoarte e a videodança?
PA: Com videoarte tem a ver com o experimentar, como disse acima, mas especificamente a videodança é resultado de experiências que tive. Fotografei um ballet por 3 anos, criei laços e uma relação de confiança com alguns dos bailarinos. Eu já tinha a ideia de um vídeo como esse há um tempo, mas era muito vaga. A dança foi minha saída segura como base pro projeto.
O Abraço Logo Vem (Bientôt dans mes bras, 2020, 2′) from Pedro Krull on Vimeo.
LL: Como surgiu “O Abraço logo vem”?
PA: No começo de 2018, conversei com uma desenhista, numa viagem que eu estava fazendo, que me contou sobre uma aula com manequins vivos e me mostrou alguns desenhos. A ideia da animação nasceu aí, inicialmente qualquer coisa que envolvesse desenhistas e um modelo vivo. A ideia ficou guardada na cabeça e, com o confinamento, achei que era uma boa hora de botar ela no mundo: as pessoas tinham tempo, eu tinhas as ferramentas e os contatos e um momento histórico que justifica a criação de mensagens de esperança.
LL: Como foi o processo de construção de “O Abraço logo vem”?
PA: Foi relativamente rápido e bastante trabalhoso. Depois da gravação do vídeo de uma coreografia (em Maceió), recebi e dividi esse arquivo em 650 frames, eu tinha a matéria prima. Desde aí comecei a busca por ilustradores no sentido mais amplo possível da palavra. Falei com os amigos desenhistas, pintores, fotógrafos, bordadeiros… Alguns falaram com outros amigos e, depois de uns dias, umas desistências e muitos emails, consegui juntar os 58 que participam do vídeo final. Além deles e dos dançarinos, duas pessoas fizeram os letterings dos pôsteres (um também fez algumas frames) e um músico criou a trilha sonora, totalizando 62 artistas envolvidos no projeto. Com os frames todos em mãos, a montagem foi algo simples. O material me permitiu criar pôsteres massa, tenho diversas ideias do que fazer com o material do filme, mas um tijolo de cada vez!
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Me chamo Paulo e desde os 16 anos brinco com fotografia e com curiosidade. Essas duas coisas me levaram a explorar a fotografia analógica e a revelação destas. Essa vertente foi o suporte usado pro material do meu primeiro livro: C’est la vie. Uma história de amor contada em 50 e tantas imagens em preto e branco. O livro, então, foi meu portfólio e passaporte para estudar “art et image”, na École Kourtrajmé, do artista JR, na França (onde me encontro agora).
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