Cobertura: Mostra Panorama | Série- 4

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

A série quatro da Mostra Panorama, da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes, reúne três curtas nordestinos e um mineiro. Nesse encontro, somos convidados a conhecer mestres e saberes populares. 

Caboclino (PE), de João Marcelo 

O filme que abre essa série de curtas ficou disponível na plataforma da Mostra de Cinema de Tiradentes em dois formatos, um deles com ‘acessibilidade’ possibilitando que fosse acompanhado por pessoas com deficiência auditiva e visual.  O documentário conta a história de seu João de Cordeira, de 78 anos. O agricultor aposentado é também um artista popular pernambucano, que busca manter viva a tradição do Bloco de Caboclinhos do Sítio da Melancia. Nesse curta colorido e emocionante somos levados a atravessar Pernambuco para acompanhar seu João em uma viagem até Juazeiro do Norte, no Ceará, para que ele preste uma homenagem a seu falecido avô. O roteiro que conversa sobre fé, cultura e luta traz uma voz que ultrapassa gerações.

Angu recheado de senzala (MG), de Stanley Albano

Utilizando como referência o famoso Pastel de Angu (patrimônio cultural mineiro) o roteiro deste curta se constrói com uma releitura sobre a escravidão dos negros e negras no Brasil. O filme ambientado em dois cenários traz o passado como ponte para o presente. Angu recheado é um bolinho de fubá frito, que não possui registros documentais ou livros de receitas que expliquem seu surgimento, ele aparece como memória do povo, algo passado de geração em geração que se auto explica por sua simplicidade e sabor marcante. 

Alágbedé (BA), de Safira Moreira

Alágbede conhecido popularmente como Ogum é o ferreiro dos Orixás. Neste documentário de Safira Moreira somos apresentados aos costumes do candomblé através de José Adário dos Santos, mais conhecido como Zé Diabo, um ferreiro que tem um ferro-velho, na cidade da Bahia e faz obras para Ogum, seu Orixá. Em sua religião, Zé Diabo acredita que todo caminho é aberto por Ogum e como Jabá ele faz ferramentas para seu Orixá. Seu acervo é diverso e já percorreu museus, terreiros e galerias . Em frente a tela, vemos um homem de 74 anos, forjando sua arte, subindo as ladeiras da Bahia para chegar até sua oficina. Enquanto manuseia suas obras, Zé Diabo fala sobre sua fé e como suas criações ganham forma através da concepção de Ogum. 

Curió (CE), de Priscila Smiths e P.H.Diaz

Em meio a uma investigação sobre a geografia do bairro Curió, no Ceará, o curta-metragem traz alguns dados e imagens sobre a construção do local. O bairro que possui apenas 24 anos, nasceu da insistência de seus moradores em fugir da seca que castigava o Sertão. A terra descampada aos poucos tomou forma e contou com a participação do maior número de pessoas possíveis, desde crianças até os mais idosos. O local também ficou conhecido nacionalmente em 2015, quando 11 pessoas foram assassinadas por Policiais Militares, o caso ainda está em processo de julgamento. No curta também ouvimos o triste relato de uma mãe que teve seu adolescente vítima dessa chacina e vivenciamos sua busca por justiça.

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