Apesar da leveza no ato de voar, o Revoada de Cinema tem um peso, uma responsa. Por ser o primeiro festival de cinema da parte alta de Maceió, nos deparamos com um imenso desafio: alçar o primeiro voo e construir essa superfície capaz de dialogar com as populações das periferias alagoanas e proporcionar uma grande experiência visual, sonora e sensorial de tirar os pés do chão.
Para cumprir essa missão apresentamos modos diversos de ver as periferias, ao enaltecer suas expressões culturais e fortalecer sua diversidade estética, destacando o protagonismo das nossas crianças, a criatividade da juventude e o poder do afeto das famílias brasileiras. A partir dessas representações, podemos pensar sobre alguns dos dilemas que marcam a vida da população como o trabalho, a música e o amor. O ato de transcender o olhar sobre a periferia para além do sofrimento é uma forma de reivindicar a leveza. Neste sentido, as escolhas da curadoria tensionaram numa tentativa de projetar a possibilidade de um imaginário social e popular que não aprisione corpos negros e indígenas em categorias de violência e pobreza.
Temos o direito de fabular e imaginar histórias que permeiam os nossos corpos. Somos uma curadoria periférica tanto no sentido geográfico quanto em relação às etnias, gêneros, classes sociais e sexualidades. São nessas dissidências e relações que voamos procurando nossos caminhos e narrativas. Fora do seu lugar de conforto, a caixa escura do cinema, esses filmes serão projetados no colorido das praças e escolas, sendo interrompidos pelos barulhos das ruas e jogados ao improviso.
Maceió, 05 de novembro de 2022
Beatriz Vilela @btzvilela
Hellen Christina @hellen_chris_tina
Lucas Litrento @lucaslitrento
Marina Bonifácio @marinataviva
Pedro Verdinho @pedro_verdino_de_lima
Roseane Monteiro @roseannevirginio
Ulisses Arthur @ulissesruhtra
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