Breves apontamentos sobre Regina Barbosa

Texto: Larissa Lisboa, com colaboração e revisão de Regina Barbosa. Imagens: Acervo pessoal de Regina Barbosa.

Este texto é um exercício de costura de informações sobre a trajetória de Regina Célia Barbosa, enquanto uma proposta de visibilizar por aqui um pouco da atuação de Regina junto ao audiovisual brasileiro e alagoano e junto à cultura brasileira e alagoana. 

Não cabe neste texto nem nesta escrita definir uma narrativa sobre Regina, sobre a sua trajetória, criações, trabalhos e relevância da contribuição dela para o audiovisual e a cultura brasileira e alagoana.

Regina Célia Barbosa é a pessoa alagoana homenageada na 15ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, primeira mulher alagoana a receber uma homenagem individual neste evento em vida em 15 anos.

Como ponto de partida desta série de apontamentos, deixamos aqui o convite para ouvir o episódio #4 Mulheres do Audiovisual do Fuxico de Cinema que teve a Regina como convidada.

Fonte a qual recorro para transcrever o que Regina disse quando Ronald Silva pediu a ela que se apresentasse e lançou a pergunta “Quem é Regina Barbosa”: “Eita, essa é uma das perguntas mais complicadas, que me perguntam, quem é, quem eu sou, e o que faço. Hoje eu acho que isso é mais fácil para mim, mas já foi complicado por conta de tantas coisas que faço. Cada vez mais eu me descubro e tenho menos receio também de responder isso porque eu perdi a vergonha de ser múltipla. E cada vez mais eu percebo que faz parte mesmo da sina de artista, de quem trabalha com cultura, uma inquietude e eu sou essa pessoa inquieta. Já transitei em muitos caminhos, em muitas linguagens.”

Na infância Regina viu seu pai trabalhar como uma espécie de gerente e porteiro do cinema de Arapiraca, e junto às suas irmãs começou a se formar como espectadora frequentando sessões neste e noutros cinemas.

A primeira linguagem através da qual Regina se reconheceu como artista foi a literária. É autora de livros de poesia, literatura infantil e de livros voltados para formação cultural e cineclubista.

Abaixo compartilho informações sobre alguns de seus livros:

“Um outro um” (2001) – nesta publicação poemas curtos são intercalados por Crônicas e imagens.  Publicado pela Editora Escrituras/ São Paulo, foi lançado na X Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro/RJ, no final de maio de 2001.

Oito livros infanto-juvenis publicados, entre eles: A primeira vez que Zuleide viu o mar (1999); e a série de livros Histórias da Lia (2005).

“Como elaborar projetos culturais” – A primeira versão de seu livro foi lançada no formato impresso, em 2003, a versão mais recente e atualizada foi lançada em 2023. É um guia prático para quem deseja planejar, desenvolver e executar projetos culturais, está disponível em formato impresso no site da Estúdio Aspas, no formato digital, o ebook para Kindle pode ser adquirido na Amazon.

“Cineclubismo: organização e funcionamento” –  O livro foi gestado em sua primeira edição por Hermano Figueiredo (em 2006) com a intenção de compartilhar formas de organização e experiências de gestão, auxiliando projetos que estavam sendo realizados através da Ideário, em Alagoas, inclusive no acompanhamento e assessoria a cineclubes que se formavam. Em 2023 foi lançada uma nova edição na qual somaram a autoria deste livro Regina Barbosa e Carlos Seabra. O livro está disponível para download gratuito em sua versão PDF.

A atuação de Regina no audiovisual teve início junto ao seu companheiro, Hermano Figueiredo, em filmes como: Mirante Mercado, no qual é co-roteirista e produtora; A última feira, no qual atua na produção e na pesquisa. Hermano e Regina fundaram juntos a ONG Ideário que funcionou entre 2002 a 2014, em Maceió-AL, através da qual realizaram projetos como Acenda uma vela e o Cineclube Ideário, entre outras ações em formação audiovisual e cultural. A Ideário funcionou também como ponto de cultura e de leitura. 

Entre outros filmes alagoanos que Regina trabalhou estão obras audiovisuais dirigidas pelo seu companheiro, Hermano Figueiredo, tais como:  Calabar, no qual ela foi  diretora de produção; trabalhou também em Lá vem o Juvenal e Pifanos e pifeiros, dos quais ela trabalhou na produção, em Pífanos Regina atuou no roteiro e na pesquisa.

Regina se colocou enquanto diretora pela primeira vez em 2007 para visibilizar um personagem da sua cidade, Arapiraca, em seu filme de estreia, Dj do Agreste,  sobre Paulo Lourenço e o icônico Bar do Paulo. 

Sua segunda imersão na direção, foi através da adaptação do seu livro: Um vestido para Lia e em codireção com Hermano Figueiredo do filme que recebeu o mesmo título do livro, e foi financiado pelo edital Curta Criança, do Ministério da Cultura.

Um vestido para Lia circulou em mostras e festivais pelo país, foi exibido na TV BRasil na janela curta criança e distribuído para cineclubes pela Programadora Brasil em DVD no Programa 249 – Curta criança.

Regina participou da Mostra Sururu de Cinema Alagoano em 2009 e 2011 junto aos seus filmes Dj do Agreste e Um vestido para Lia que recebeu o prêmio de melhor roteiro

Registro do lançamento de Um vestido para Lia em Marechal Deodoro-AL. Foto: Nataska Conrado.

Dirigiu o seu terceiro filme em 2016, A flor da casa, através do qual homenageou Edna Constant, artista, fundadora da Casa da arte (Garça Torta, Maceió-AL).

Voltou a inscrever filme na Mostra Sururu em 2016, A flor da casa, mas o mesmo não foi inserido na programação da VII Mostra Sururu de Cinema Alagoano, nem em  outra edição deste evento.

Fora de Alagoas, trabalhou no Rio de Janeiro-RJ no Programa Olhar Brasil, acompanhando os  NPDs (Núcleo de Produção Digital) de todo o país. Em 2016 e 2017 esteve na produção do ERNE, Escritório Regional Nordeste,  na  execução da linha de produção de conteúdos destinados às TVS Públicas, ANCINE / EBC / BRDE. 

Também em Pernambuco junto a Hermano Figueiredo deu continuidade a difusão do audiovisual brasileiro e circularam com o Cine Jangada por cidades pernambucanas. Projeto irmão do Acenda uma vela, que interiorizou e tornou acessível a exibição de filmes brasileiro em Alagoas, nos anos de 2013 a 2016.

Atualmente mora em Alagoas, mas trabalha de modo remoto no mercado audiovisual pernambucano. Nos últimos anos vem trabalhando na produção executiva da obra seriada: Nação Zumbi, no movimento das marés que vai ser exibida no Canal Brasil – Globo Play, em 2025. E  também participa de roteiro, da direção e da produção de obras audiovisuais que serão exibidas na TV Pernambuco, fruto do investimento FSA-Ancine, como a série Virando o Jogo. Está também na produção dos telefilmes: Raízes da alma e Excursão da morte (obras em fase de produção).

Regina também conta com experiência como parecerista de editais de incentivo a projetos culturais. E atuação em curadoria, de projetos como Olhar e ver, Acenda uma vela, Cine Jangada e da Mostra Sesc de Cinema – panorama alagoas.

Enquanto instrutora ministrou oficinas de elaboração de projetos pela Ideário, e também por outras instituições como a Prefeitura de Maceió e o Sesc Alagoas, entre outras ações formativas ministradas em Alagoas, Recife e no Rio de Janeiro.

É apaixonada por botânica e jardinismo. Para unir suas paixões e atuações está desenvolvendo projetos com temática focada nas plantas, tais como  o projeto: Em cada árvore uma história, que está na etapa de  desenvolvimento, em Alagoas, no qual assina o roteiro e a pesquisa. Entre as obras em fase de produção, participa da direção, do roteiro e da produção de um telefilme sobre plantas medicinais entre os povos indígenas do nordeste, o projeto: Plantas que curam. Regina  está determinada a   unir ações do audiovisual com a defesa do meio ambiente.  

Regina colaborou com o Alagoar antes deste projeto ser lançado como site em 2015, assessorando pela Ideário, junto a inscrição de um projeto que buscava recursos em edital para publicação do “Catálogo da produção audiovisual alagoana” enquanto livro impresso, o que não foi viabilizado.

Pelo Alagoar, Regina foi convidada em 2021 para atuar como oficineira de curadoria do Festival Alagoanes, e também para acompanhar a construção da curadoria enquanto consultora. A abertura do Festival Alagoanes foi um bate-papo entre Regina  e as pessoas curadoras compartilhando um pouco sobre o processo que foi compartilhado na oficina e na construção da curadoria deste festival (que inserimos abaixo e deixamos o convite para que você confira).

Celebramos com este texto Regina Barbosa e desejamos seguir compartilhando sobre ela por aqui e colaborando com ela também.

Este texto foi construído tendo como uma das principais fontes o site de Regina Barbosa.

 

Sobre Larissa Lisboa
É coidealizadora e gestora do Alagoar, compõe a equipe do Fuxico de Cinema e do Festival Alagoanes. Contemplada no Prêmio Vera Arruda com o Webinário: Cultura e Cinema. Pesquisadora, artista visual, diretora e montadora de filmes, entre eles: Cia do Chapéu, Outro Mar e Meu Lugar. Tem experiência em produção de ações formativas, curadoria, mediação de exibições de filmes e em ministrar oficinas em audiovisual e curadoria. Atuou como analista em audiovisual do Sesc Alagoas (2012 à 2020). Atua como parecerista de editais de incentivo à cultura. Possui graduação em Jornalismo (UFAL) e especialização em Tecnologias Web para negócios (CESMAC).

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