Texto por Janderson Felipe e Leonardo Amaral. Revisão: Larissa Lisboa. Foto: Divulgação.
O Circuito Penedo de Cinema iniciou sua mais nova edição na segunda-feira (06) com uma cerimônia de abertura composta por representantes do estado e organização, seguida da exibição do premiado longa nacional de Laís Bodanzky, Como Nossos Pais, e contaria com um bate-papo ao final da sessão com a presença de Clarisse Abujamra, reprogramado para quinta-feira (09) conforme informou organização do Circuito.
Na terça-feira (07) iniciou-se parte das mostras competitivas, entre elas a 4ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental e o 7º Festival de Cinema Universitário de Alagoas. A primeira apresentando filmes que abordam questões ambientais, e a segunda consiste de filmes produzidos por universitários de todo Brasil.
A proposta da cobertura do Alagoar não é de detalhadamente avaliar os filmes, mas sim de construir relatos diários para compartilhar nossas impressões da vivência do Circuito Penedo de Cinema 2017 no decorrer dessa semana, posteriormente publicando algumas críticas daqueles filmes que nos inquietarem positiva ou negativamente.
A Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental apresentou consistência na temática da relação do trabalho com o ambiente, tal como no filme Marias (de Edem Ortegal), que contextualiza o trabalho no campo levando em conta a formação colonial do Brasil para abordar o trabalho infantil. Tal formação da infância se repete em Alternância (de Geilane de Oliveira), que trata, sobre a perspectiva das mulheres agricultoras, as práticas agrícolas e esteriótipos de gênero na educação de futuras gerações. Em Amargo da Cana (de Rosivan Pereira da Silva, Suellen Ramos da Silva e Wellington Faustino de Oliveira) há a maneira com que uma cidade de interior se vê afetada pelas queimas de cana-de-açúcar e como isso interfere no cotidiano daqueles que nela vivem, em contrapartida, O Futuro A Deus Pertence? (de Dêniston Diamantino) lida com o mau trato do meio ambiente e como as consequências disso afeta a vida de trabalhadores e aonde nossa relação com a terra vai chegar. O destaque desse primeiro dia da Mostra de Cinema Ambiental vai para Latossolo (de Michel Santos), que com uma fotografia que flerta com o experimental e uma montagem dinâmica e conceitual nos faz relacionar com temas conhecidos sobre exploração e trabalho no campo de uma forma fresca. Infelizmente essa evolução temática não foi aproveitada pelos programadores da mostra, o que foi fator essencial para impedir a sessão de atingir seu real potencial.
Entre as duas mostras competitivas do Circuito Penedo de Cinema houve uma sessão especial com filmes representantes da última edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano com a exibição de Wonderful – Meu Eu Em Mim (de Dário Jr.), Wal Cavalaga (de Wladymir Lima), Via Arterial (de Amom Nunes e João Paulo Macena), Sangue-Mulher (de Janderson Felipe, Mik Moreira e Minne Santos ) e Juremeiro de Xangô (de Arilene de Castro), que demonstrou como os filmes ainda se mantém em sintonia com os temas em voga, como questões de gênero e sexualidade até urbanismo e identidade religiosa.
Iniciamos o acompanhamento do 7º Festival de Cinema Universitário de Alagoas cientes da proposta de dar visibilidade aos realizadores com olhar em formação, de que a exibição é uma etapa do processo artístico e um circuito de cinema com debates e exibições de seus projetos propicia trocas de conhecimento fundamentais para o amadurecimento desses olhares cinematográficos.
O primeiro dia do festival universitário pode ser interpretado a partir de uma curadoria formada por filmes que retratam diversas formas de opressão e se divide em três momentos. A começar pela opressão interna com Clausura (de Mariana França e Gildo Antonio), uma obra que reflete a relação entre depressão e a vida de artistas, onde a própria diretora se coloca por ter sofrido com a doença, o que fez o filme crescer energicamente nos momentos em que ela se coloca em tela e interage com os entrevistados, o que não compensa completamente um relapso de foco narrativo e argumentativo por parte da montagem. O segundo momento lida com a opressão do estado ao trazer uma distopia de ficção científica, Quando é Lá Fora (de André Pádua e Leonardo Branco), que apresenta um ótimo trabalho de forma, especialmente na questão fotografia e narrativa visual, porém se perde por cair em clichês do gênero; uma considerável perda pelo uso de clichês também pode ser apontada para dimensionar a construção de A Rua das Casas Surdas (de Flávio Costa e Gabriel Mayer), mas sem o mesmo esmero visual. O terceiro e último momento se concentrou em questões de identidade trans, primeiro com o documentário A Vida Que Não Cabe (de Baruc Carvalho Martins), que tem boas personagens, mas falha ao desenvolvê-las. A sessão encerrou com Autofagia (de Felipe Soares), um filme que apresenta o conflito entre um homem conservador do campo e uma travesti, com uma montagem que não permite o desenvolvimento narrativo e falha em suas boas intenções de tratar sobre o tradicional e o marginalizado socialmente quando faz da violência sofrida pela travesti um espetáculo.
O dia encerrou com a exibição do filme Lamparina da Aurora, que não pôde contar com a presença prometida do diretor Frederico Machado por motivos de saúde.
Hoje, quarta-feira (08), a Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental continua de 14:00 assim como a de Cinema Universitário de 19:00, além de se iniciar de 20:30 o 10º Festival do Cinema Brasileiro. Durante a tarde haverá debate com os realizadores dos filmes do dia anterior às 16:00.
Para saber mais sobre o Circuito acesse: http://circuitopenedo.iecps.com.br/
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