COBERTURA | VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano: Segundo dia

Revisão: Larissa Lisboa

O trabalho de uma curadoria é claramente desafiador, entre tantas obras de linguagem, duração e propostas distintas, conseguir criar uma linha que conduza todo um festival ou mostra é bastante difícil, mais ainda, construir grandes sessões. Se a sessão do primeiro dia teve seu fluxo prejudicado, isso não se pode dizer da segunda sessão da mostra competitiva da VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano.

Teresa (de Nivaldo Vasconcelos) abriu a sessão com potência, a apresentação do corpo da jovem performer ao se deparar com os diários de Santa Teresa de Ávila não nos prepara para a incorporação energética que passará em frente as nossas retinas. Da iconoclastia católica de Teresa, partimos para o interior de Arapiraca com Avalanche (de Leandro Alves), e nos confrontamos com a invasão da “modernidade” urbana que carrega a impotência juvenil e a violência que assola cidades do interior da perspectiva de uma relação de pai e filho. Em Imaginários Urbanos se procura pensar uma nova Maceió, em que as pessoas possam habita-la livremente, não à toa o filme busca entrevistar aqueles que ocupam o papel de fazer intervenções urbanas na cidade, função que a câmera também assume em alguns momentos. Continuando a conversa para se pensar a nossa cidade, Onde Você Mora? (Direção coletiva) com muito bom humor e ironia nos revela um conflito: onde termina e começa Pajuçara e Ponta da Terra? pergunta que à primeira vista para qualquer maceioense parece de fácil resposta, mas não demora ao buscar apontar a resposta para a confusão nos tomar.

Imaginários Urbanos, de Glauber Xavier

É importante ressaltar que pouco mais de uma hora de sessão o público já tinha se entregue aos filmes que lhe foram projetados, mas poucas vezes se viu nas edições da Mostra Sururu o que ocorreu na exibição de Trem Baiano (de Robson Cavalcante e Claudemir Silva), da fala de habitantes de Carcará sobre a chegada de um meio de transporte em que o motorista de bom grado os levara para outros lugares em instantes, o que era absurdo se mostrou real e de grande graça, muito se deve a pujança da oralidade popular, o riso coletivo extasiado tomou o cinema do Arte Pajuçara.

O filme convidado do dia foi Eu Me Preocupo (de Paulo Silver), borrando as linhas entre a ficção e a realidade, vemos o mundo através dos olhos de Paulo, resistindo ao ver a renovação de sua mãe após o luto que os acompanhou por 4 anos, um trabalho de sensibilidade única e de dificuldade inerente ao se colocar em frente a câmera junto a própria mãe.

Pode-se dizer que esta sessão ficará marcada na história da Mostra Sururu, o que se viu foi uma grande sessão.

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