Texto: Anda Zé Pequeno Anda (dir. Kátia Regina, Cássia Rejane e Bruna Rafaela)

Kátia Regina, Cássia Rejane e Bruna Rafaela nos apresentam Zé Pequeno em seu primeiro documentário realizado através da primeira e única edição do Olhar Circular em 2008.

Anda Zé Pequeno Anda é um filme que nos permite conhecer o barqueiro andarilho Zé Pequeno. Na cena de abertura do filme vemos o personagem principal caminhando para sua barraca onde mora com vários cachorros à beira da lagoa na Ilha de Santa Rita (Marechal Deodoro-AL). O próprio personagem se apresenta, conta de sua infância, da sua relação com os cachorros, com a família, com os irmãos (relação que ele compara a que existe entre gatos e cachorros), da sua caminhada a pé até o Rio de Janeiro que durou um ano e seis meses, do tempo que morou em outro estado e do seu retorno para Marechal.

Zé Pequeno é um contador de estórias e a abordagem escolhida para construção da narrativa do documentário interrompe a conexão do espectador com as estórias contadas por ele. Ao apresentar os depoimento dos irmãos do personagem principal, a abordagem possibilita a construção de um linha narrativa secundária que apresenta as divergências entre Zé Pequeno e os seus três irmãos, conflito que repetitivamente é mencionado, e que não adiciona elementos essenciais para o desenvolvimento e a compreensão do filme.

Assisti a Anda Zé Pequeno Anda pela primeira vez na primeira edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano (2009), onde também foi exibido outro filme do projeto dirigido por mulheres, Nas Margens. Quase uma década depois ao reassistir o filme ainda sinto uma conexão com as realizadoras representada no desejo de ouvir atentamente a Zé Pequeno. Diante do fôlego do personagem para contar estórias fico tentando imaginar o desafio para selecionar o material filmado, e construir o recorte apresentado no filme.

Foram realizados sete documentários pelo Olhar Circular, além de Anda Zé Pequeno Anda e Nas Margens, Caminhos da Juventude e Debaixo da Luz do Sol também foram dirigidos por mulheres. O projeto foi reaizado pela Associação Artística Saudáveis Subversivos através do Oi Futuro, teve duração de nove meses com oficinas de Roteiro, Edição de Vídeo, Informática, Direção, entre outras, com o objetivo de preparar os alunos para filmar e montar os seus filmes.

Sobre Larissa Lisboa
É coidealizadora e gestora do Alagoar, compõe a equipe do Fuxico de Cinema e do Festival Alagoanes. Contemplada no Prêmio Vera Arruda com o Webinário: Cultura e Cinema. Pesquisadora, artista visual, diretora e montadora de filmes, entre eles: Cia do Chapéu, Outro Mar e Meu Lugar. Tem experiência em produção de ações formativas, curadoria, mediação de exibições de filmes e em ministrar oficinas em audiovisual e curadoria. Atuou como analista em audiovisual do Sesc Alagoas (2012 à 2020). Atua como parecerista de editais de incentivo à cultura. Possui graduação em Jornalismo (UFAL) e especialização em Tecnologias Web para negócios (CESMAC).

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