Crítica: Parteiras (dir. Arilene de Castro)

Texto: Larissa Vanessa. Revisão: Chico Torres.

Em tempos de violência obstétrica e de aumento da busca por partos humanizados, o curta documental de Arilene de Castro traz, ao decorrer dos seus 24 minutos, depoimentos de senhoras que narram suas experiências com a parteria tradicional.

O documentário traz a leveza de um cotidiano de interior com saberes e práticas que perduraram até certo tempo, mas que foram substituídos pelos conhecimentos da medicina ocidental. Os depoimentos trazem ao parto elementos de fé, garra e subjetividade, entendendo cada criança como uma história e um nascer, com seu ritmo, dificuldades ou facilidades particulares.

A conexão das falas das personagens traz uma ligação nos saberes compartilhados; acontecem muitos momentos em que as personagens parecem estar mutuamente completando a mesma reza, ou explicando a solução de como agir em determinados tipos de parto da mesma maneira.

 A estética do filme, a graciosidade da câmera que foca nos traços da velhice e nos elementos de fé que as senhoras possuem em suas casas, permite que o espectador desenvolva já nas primeiras cenas um afeto pelas personagens e suas histórias. Algumas expressões linguísticas comuns de uma realidade interiorana provocam risadas, e a distante realidade das histórias de partos prende a atenção na narrativa e deixam o filme fluido e prazeroso.

O curta abre os olhos para a vida e para a cultura imaterial, é a velhice e o nascimento se cruzando nas histórias dos saberes.

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