Acássia Deliê indica

Texto: Acássia Deliê* (para o Alagoar). Foto: Acervo pessoal.

Para fazer minha seleção, busquei na memória cinco filmes que apresentaria a algum amigo ou amiga que desconhecesse completamente o audiovisual alagoano. Creio que apresentam um justo panorama do nosso cinema atual.

Estado de cinema  – Documentário de Pedro da Rocha, 16 minutos, curtinho, discute o audiovisual alagoano por meio de entrevistas com cineastas locais, como Elinaldo Barros e Tairone Feitosa, e nacionais, como Daniel Filho e Paulo Gracindo Júnior. Do mesmo Pedro da Rocha, também sobre o cinema feito em Alagoas, gosto de um outro documentário chamado Memórias de Uma Saga Caeté, que revela memórias dos moradores de Santana do Ipanema e Maravilha sobre as filmagens do longa A Volta pela Estrada da Violência, feitas nos anos 1970 naquelas cidades.

Exu, além do bem e do mal – Os documentários predominam na produção alagoana e Werner Bagetti é um excelente expoente do gênero. Fiquei em dúvida se recomendava aqui Exu ou História Brasileira da Infâmia, também do Werner, este um confronto das versões históricas sobre a morte do Bispo Sardinha, “o primeiro bispo do Brasil”. Mas decidi pelo primeiro, adoro a intensidade, as cores e o ritmo do filme.

Cidade Líquida – Vi este documentário no fim do ano passado, na Mostra Sururu, quando foi eleito o melhor filme. Fiquei encantada com o argumento e não tive como excluí-lo desta lista. Direção, roteiro e produção de Laís Araújo. O filme utiliza dois monumentos históricos de Maceió, construídos um à margem do mar e outro à beira da lagoa, ambos abandonados pelo poder público e destruídos pela população, para mostrar a segregação dos espaços e da população na capital alagoana.

O que lembro, tenho  – Na terra dos documentários também há cineastas dispostos a realizar ficções de boa qualidade e desenvolver este segmento, ainda uma novidade para muitos atores e técnicos alagoanos. Rafhael Barbosa é um deles. “O que lembro, tenho” viajou o Brasil e pelo menos três outros países mostrando a história da velha Maria, cuja demência começa a afetar suas percepções de tempo e espaço. A protagonista é vivida por Anita das Neves, mulher que se tornou atriz poucos anos antes de morrer e que deu ao filme destaque dentro e fora dos cinemas. A direção de elenco é de Nilton Resende.

Farpa – Do mesmo festival, eu recomendo Farpa, ficção baseada no livro “Maria Flor etc.”, da alagoana Arriete Vilela. Lembro que o filme recebeu algumas críticas negativas após o lançamento, algumas merecidas, mas a ousadia do diretor Henrique Oliveira faz o filme ficar aqui na lista. A atuação do elenco e a fotografia também.

* Acássia é jornalista e autora do livro-reportagem “Por trás dos muros”.

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