Texto: Bruno Jaborandy* (para o Alagoar). Foto: Acervo pessoal.
Da invisibilidade ao desespero – Rosas Negras é uma banda de Maceió que tem representado bem o estado tocando pelo Nordeste. Esse clipe é um belo registro audiovisual de João Marcelo Cruz e Barbara Pacheco. Ele é ainda mais importante por ter sido feito em um evento do Quintal Cultural, um espaço no bairro do Bom Parto, em Maceió, voltado para eventos culturais e contraculturais. Todo em preto e branco, esse filme tem muito da estética punk e é um exemplo de captação de som e imagem, além da edição primorosa.
Quando a chuva cai – O grupo de rap NSC tem feito um sucesso imenso em todo o Brasil, as letras têm a cara, o sotaque e o pique alagoano. Quando esse clipe foi exibido na I Mostra de Videoclipes Alagoanos, realizada pelo Coletivo Popfuzz, teve gente que aplaudiu de pé. As imagens mostram o desastre que foi a cheia de 2010 e, apesar de ter sido feito precariamente, tem muita força em sua mensagem.
Fear and Death** – Autopse é uma banda de thrash metal alagoana que não deixa nada a desejar a qualquer banda gringa. Todos mandam muito bem nos seus instrumentos e fazem um trabalho autoral que vem chamando a atenção dos headbangers. Esse clipe é bem executado, a locação é bem escolhida e mostra que esse tipo de som tem bastante espaço aqui.
Turn Around** – Se esse clipe da Super Amarelo rolasse no finado Lado B da MTV eu ficaria alguns minutos tentando sacar de onde essa banda é. Com uma pegada totalmente gringa, o som remete ao indie rock dos anos 1990. Nesse clipe, eles chamaram os amigos, pediram para eles mostrarem o que estavam achando da banda e o resultado é isso aí. O trabalho de câmera e direção de arte são muito bons.
Bomb Style – Tequila Bomb é uma verdadeira potência de Maceió. Como eles mesmos dizem, é “música de libertação”, com temas sociais, junto com a pegada de soundsystem jamaicana e o sotaque alagoano real. Com belas imagens de Maceió, seus mirantes, praias e o bairro histórico de Jaraguá, a coisa fica ainda mais bonita por ter sido gravada em uma das maiores discotecas de reggae daqui. Destaque também para a clara brodagem que existe com o pessoal do novo rap alagoano, boa parte deles figurando no clipe.
San Francisco – Fazer clipe para banda de rock instrumental é difícil porque não existe uma letra que leve a um enredo, embora, ao mesmo tempo, exista certa liberdade para o realizador inovar e construir algo que case com a melodia e vá além. A opção de Henrique Oliveira foi filmar um balé de um casal, tanto em um teatro quanto em um cânion à beira do Rio São Francisco. O resultado é essa belezura toda. Banda: Projeto Sonho.
Auto Destruição** – É inegável que a Mutação foi a banda de hardcore de Maceió que mais conseguiu atingir o público difícil desta cidade. Esse clipe registra o show de despedida do vocalista Alan Huston e mostra quanta gente compareceu. Altamente catártico, ele impressiona apesar dos poucos recursos de captação e edição que existiam em 2005.
I wrote this song’s name but I don’t speak esperanto – Pois houve um tempo em que Maceió teve uma cena com bandas de nome comprido e calças apertadas. Screamo-metalcore ou algo assim, a NSDJ (Never Say Die Juliet) foi a banda mais representativa dessa pegada. Esse clipe é altamente bem-feito e mostra a revolução que foi a chegada das câmeras DSLR a preços acessíveis.
Um outro título sugerido por Bruno Jaborandy em sua curadoria foi o cliple Tormenta, de Wado, com direção de Rodrigo Giannetto e Pablo Marques. No entanto, apesar de ser um clipe de um artista alagoano, não está catalogado neste site, por não ter sido gravado em Alagoas e consequentemente não ter uma produção local.
*Bruno Jaborandy é jornalista, Mestre em Educação e tocador de contrabaixo na banda Ximbra. Atualmente faz Doutorado em Linguística na UFAL, no qual pesquisa as relações da criatividade com a intertextualidade. Já atuou como professor do Centro Universitário Tiradentes. Foi um dos fundadores do Coletivo Popfuzz e participou do cineclube Antes Arte do que Tarde. Colaborou com textos para a Revista Graciliano, da Imprensa Oficial de Alagoas, e para os blogs Sirva-se, AltNewspaper e Mundo Leitura. Foi um dos curadores da V Mostra Sururu de Cinema Alagoano, em 2014, e é membro da comissão de letras da Agremiação Unidas do Baixo Paju. Também é cicloativista e cafeinômano.
**Buscamos contato com as bandas para catalogar todos os clipes indicados, no entanto não recebemos informações para catalogação deste clipe.
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