[Carta] Chamadas e incentivos para o fazer audiovisual em tempos de Covid-19

Texto: Larissa Lisboa. Imagens: Pedro Krull

Lidamos com muitas informações e desinformações também (mais ainda na “era” Bolsonaro). A forma como cada um de nós compreende a pandemia de Covid-19 é reflexo das condições sociais em que cada um sobrevive. Precisamos falar de privilégios (não irei abordar os meus aqui, mas tenho consciência que estou numa posição privilegiada) entre tantas outras questões.

No entanto, posso e podemos falar sobre o privilégio que exerço ao escrever aqui, principalmente para que também fique o convite para que você possa ocupar o espaço desse site caso deseje escrever sobre o audiovisual alagoano (entre em contato pelo e-mail audiovisualagoas@gmail.com).

Em março, como resposta a paralisação das ações presenciais (devido aos decretos estaduais e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) na busca pela prevenção do agravamento da pandemia) nos vimos diante de várias carências e dificuldades. Aponto o cenário e ressalvo que a minha atenção aqui estará voltada a área cultural mais especificamente ao audiovisual pois é onde atuo.

Não consegui acompanhar detalhadamente os editais culturais que surgiram, mas tive noção que alguns deles estaduais e/ou nacionais estavam buscando propor editais emergenciais para contemplar a realização online de atividades culturais, ainda não é fácil para mim compreender como alguns desses editais foram restritivos focando quase que prioritariamente em artes cênicas e música. Porém, como não foi esse fato que me moveu a vir aqui escrever não irei destrinchar esta questão/frustração.

Recebi como alento o repasse sobre a convocatória do Sesc Convida!, não apenas por ser funcionária desta instituição, mas por compreender que ela declarava o empenho que foi construído por inúmeras vozes e discussões a respeito de política cultural, representação social e diversidade, antes e durante a pandemia. Também não irei analisar a convocatória, mas preciso frisar que a mesma contemplou ações voltadas para arte educação, artes cênicas, artes visuais, audiovisual, biblioteca/literatura, música e patrimônio cultural.

Assim alcanço o objetivo que me impulsionou a reunir essas palavras, que foi para reconhecer a presença de propostas e filmes alagoanos em chamadas como esta. Não vou abordar a seleção dos filmes alagoanos em Mostras e Festivais, mas caso você deseje fazer isso entre em contato com o Alagoar.

Foram contempladas oito propostas de Alagoas no Sesc Convida! que estão em fase de desenvolvimento, e os autores foram Amanda Régia Amorim Morais dos Santos, Ana Karênina Barbosa Gomes Magalhães, Camila Maria Oliveira de Melo, Elizabeth Santos Caldas, Gleyson Pereira Borges, Jamilla de Paula dos Santos Almeida, Jessé Batista Junior e Maíra Costa Gamarra, entre elas duas de audiovisual, a de Ana Karênina (Nina Magalhães) e a de Elizabeth.

Outra iniciativa que selecionou propostas alagoanas foi o Laboratório Jabre, idealizado em 2011 pelo cineasta paraibano Torquato Joel. Segundo a agência de reportagem Saiba Mais “mudou o eixo de produção e reconhecimento de curtas-metragens na Paraíba. (…) Torquato decidiu ampliar esse ano para o chamado extremo oriental nordestino após uma edição em Alagoas. Antes da pandemia do novo Coronavírus, o laboratório acontecia presencialmente ao longo de quatro dias consecutivos, geralmente numa pousada oferecida em parceria com o projeto.” Foram selecionadas as propostas de autoria de Andréa Carla Guimarães de Paiva (Penedo-AL), Denisllan Tarcísio Ferreira dos Santos (Arapiraca-AL) e Felipe Chaves Guimarães (Maceió-AL).

Já entre as ações que convocaram obras realizadas em diálogo com o isolamento social ou realizadas neste período, a plataforma Cardume está apresentando os filmes selecionados pelo prêmio “Curta em Casa”, entre eles está dois alagoanos A Três Andares (dir. Bruna Teixeira) e FILME_URGÊNCIA_CORTE1 (dir. Paulo Silver). Os 56 filmes selecionados pelo prêmio estão disponíveis até dia 30/07 para votação dos assinantes (é possível acessar gratuitamente por 15 dias como período de degustação). Os três filmes mais votados receberão prêmios em dinheiro e serão convidados para uma sessão com debate ao vivo promovido pela Cardume.

Encerro com os contemplados/contempladas do sexto edital de emergência lançado pelo Itaú Cultural (IC), voltado para o setor audiovisual, Arte como Respiro -| Audiovisual que contou com 3.578 inscrições, das quais foram escolhidos 200 trabalhos de 23 estados das cinco regiões do país. Cinco são de Alagoas: Aldemir Barros Silva Júnior, Laís Santos Araújo, Lucas Litrento, Maysa Santos da Silva e Rafael Barbosa Silva.

Este texto não é uma matéria jornalística, nem fruto de uma pesquisa específica sobre chamadas e incentivos para o fazer audiovisual em tempos de Covid-19 mas pode ser referência para o que for escrito após o seu compartilhamento, e isso impulsionou a existência do mesmo. Assim como o desejo de buscar impulsionar o diálogo, seja para complemento dessas informações, ou para demais desdobramentos.

Lembrando que este site, Alagoar, disponibiliza diversos formulários para cadastro, entre outras coisas de obras audiovisuais (videoclipe, filme, séries e coleções), que podem ter suas informações disponibilizadas no catálogo de produções audiovisuais alagoanas mediante o repasse de informações por seus responsáveis. O espaço de filmes online contabilizava 261 títulos em março, atualmente ultrapassa a marca de 300 filmes alagoanos disponíveis para visualização online como resultado do lançamento e liberação de títulos mais recentes, somado ao mapeamento de títulos mais antigos.

Convido a seguir o IG do @alagoar e conferir os destaques dos stories “Alagoanxs” para ver postagens de seleção de outros filmes e propostas alagoanas; e “IncriçõesFilmes” para acompanhar as convocatórias com inscrições abertas.

Sobre Larissa Lisboa
É coidealizadora e gestora do Alagoar, compõe a equipe do Fuxico de Cinema e do Festival Alagoanes. Contemplada no Prêmio Vera Arruda com o Webinário: Cultura e Cinema. Pesquisadora, artista visual, diretora e montadora de filmes, entre eles: Cia do Chapéu, Outro Mar e Meu Lugar. Tem experiência em produção de ações formativas, curadoria, mediação de exibições de filmes e em ministrar oficinas em audiovisual e curadoria. Atuou como analista em audiovisual do Sesc Alagoas (2012 à 2020). Atua como parecerista de editais de incentivo à cultura. Possui graduação em Jornalismo (UFAL) e especialização em Tecnologias Web para negócios (CESMAC).

Be the first to comment

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*