Cobertura: 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano – 1º dia

Revisão: Fabbio Cassiano e Larissa Lisboa. Foto: Vanessa Mota

O primeiro dia da Mostra Sururu de Cinema Alagoano nos levou a um processo de autoconhecimento perante os limites e as fronteiras geográficas e afetivas que nós, moradores da capital não reconhecemos, como por exemplo: o Vale do Reginaldo e Anadia. Nesse dia da mostra tivemos a sensação de nos perder e nos encontrar entre o interior e a capital tanto pelo não pertencimento quanto pela Topofilia do geógrafo Yi-fun Tuan.

Nas Quebradas do Boi (dir. Igor Machado)

Este documentário apresenta várias narrativas: a banda que vai conhecer o local e fazer um som, o boi da comunidade do Vale do Reginaldo e a história de Zé do Boi, personagem principal do curta; integra esses personagens ao promover encontros no Vale do Reginaldo. Nas Quebradas do Boi flerta com o formato de documentário participativo quando usa a câmera na mão e utiliza de imagens da equipe no set, entretanto, o diretor aprece pouco e não sentimos a presença imagética dele no decorrer do filme. E A tomada inicial do curta nos remete à cena de abertura de outro documentário que foi rodado na comunidade do Vale do Reginaldo, Isso Vale Um Filme (2016).

O Que É Que As Batingas Tem? (dir. coletiva)

De maneira bem-humorada adentramos no universo das Batingas, através do olhar dos diretores-moradores da região, conhecemos seus artistas: cordelistas, músicos, mestres e mestras, ou seja, a Batingas é um lugar de uma cultura rica que está em processo de mudança e de negação da prática das tradições. Um dos fatores interessantes dessa obra, é a intimidade na relação entre os personagens e os diretores que foi levada à telona.

O Saldo da Guerra (dir. Mário Zeymison)

A ficção estabelecida em 1 minuto, utiliza o preto e o branco na fotografia com o intuito de exibir contraste e oposição. Pensando na perspectiva do contexto e tema que o curta se propõem, ele se saí bem no seu proposito ao exibir pessoas segurando fotografias dos seus novos desafetos ocasionados pelas perspectivas divergentes. Vivemos o “pós” da conturbada eleições de 2018: a quebra de laços afetivos, o desmascarar de posições políticas que visam o extremismo e de limites ultrapassados.

Lugar Comum (dir. Pedro Krull)

O curta experimental de Krull exibe uma outra perspectiva sobre a cidade de Maceió e a música como norte da narrativa. Nas imagens plásticas e contemplativas do cotidiano, do vai e vem de pessoas, de ônibus e carros. Essas paisagens urbanas são subvertidas pela performance do grupo CEPEC AL e a sincronia musical. Essa atmosfera criada pelo filme coloca o músico negro em primeiro plano, sua melodia dita o ritmo dos acontecimentos da capital. Pedro Krull diz em imagens, para enxergar com poética os caminhos já conhecidos e trazer o encantamento na banalidade da chuva, do centro e das luzes da cidade.

Como Ficamos Na Mesma Altura (dir. Laís Araújo)

O filme expõe as relações de pertencimento e distanciamento, através dos diálogos construídos entre a filha e o pai. Qual a sensação de estar em lugar que não te pertence mais? Conhecemos, mas não conhecemos, não há intimidade. A sacada do filme além de mostrar os muros de gerações que não conversam, está nas imagens de Anadia e no vazio da casa. A direção de arte conversa com essa atmosfera, com os objetos fora desse tempo, a estante e a televisão de tubo.

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