Cobertura: Festival de Cinema Universitário de Alagoas | Circuito Penedo de Cinema 3º dia

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Imagens: Circuito Penedo de Cinema - Kamila Rafael e divulgação.

O terceiro dia do Circuito Penedo de Cinema 2021 e segundo dia de exibições de filmes da 11ª Edição do Festival de Cinema Universitário Alagoano foi marcado por uma sessão de curtas pautados pela pandemia do novo coronavírus. Vale lembrar que os filmes reproduzidos na sala de exibições na Praça 12 de abril, no Centro Histórico da cidade de Penedo, também estão disponíveis online no site do Circuito (https://circuitopenedodecinema.com.br).

Os dias depois (dir. Arthur Destrez)

Logo na abertura da segunda noite de filmes do Festival Universitário de Cinema Alagoano temos o curta Os dias depois, dirigido por Arthur Destrez, chamou atenção por sua facilidade de nos fazer pensar sobre um possível colapso tecnológico mundial que causaria a morte de milhares de pessoas. Traçado por um cenário pós pandemia, no qual uma nova crise global se instaura por meio de um vazamento de dados pessoais na internet. É nesse contexto que as relações construídas sob a pressão do distanciamento social e a ideia de amizade e solidão passam a ser exploradas ao longo da trama. No enredo temos Luiza, uma personagem que passou boa parte da vida triste por causa de sua relação complicada com a mãe, mas que reconhece o amor e a sintonia da amizade. Durante uma conversa com a amiga, os conflitos das personagens são revelados, e alguns dias depois, tudo muda e o mundo criado a partir da tecnologia passa a clamar pela desconexão das redes. Tudo acontece em um espaço de tempo muito curto, temos a impressão de que as coisas mudam de lugar de uma hora para outra e o pânico, a crise e o desespero assombram a população que sobreviveu ao apocalipse tecnológico.

1325 quilômetros 227 dias (dir. Gustavo de Almeida e Vitor Texeira)

1325 quilômetros 227 dias é um filme no qual Gustavo de Almeida e Vitor Texeira, diretores e personagens do curta, contam como mantiveram seu relacionamento à distância durante a primeira onda da pandemia do novo coronavírus no ano de 2020.  Os personagens compartilham com o público uma das experiências mais inusitadas que tiveram.  Uma viagem para visitar parentes no início de janeiro de 2020, que os levou a um distanciamento muito maior do que o esperado. Nessa história eles contam como conseguiram manter o amor e a conexão mesmo estando em estados diferentes. Como tudo mudou repentinamente, Gustavo e Vitor se comunicavam a maior parte do tempo por meio de mensagens de voz no WhatsApp, com diálogos engraçados e algumas vezes tristes, eles conseguem compartilhar as sensações causadas pelo famigerado coronavírus e nos levam para dentro dessa perspectiva.

Quarentena pra quem? ( dir. Isabella Vilela e Laís Maciel)

Quarentena pra quem? ( dir. Isabella Vilela e Laís Maciel) não se distancia dos outros filmes exibidos na 11ª Edição do Festival de Cinema Universitário Alagoano, mas este particularmente consegue ir além e abranger as camadas sociais que foram constantemente marginalizadas durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil.  Ainda em meio a primeira onda, centenas de trabalhadores foram obrigados a deixar seus empregos e renda por fazerem parte dos grupos de riscos citados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).  De forma simples e nenhum pouco unilateral, as diretoras apresentam as histórias de três trabalhadores que moram na região da Brasilândia, no estado do Mato Grosso do Sul. Apesar das características diferentes, cada um deles sentiu na pele o medo da fome e angústia da morte, causada por um vírus que dizimou milhares de vidas somente no Brasil.  Durante todo o documentário, nós somos convidados a observar a desigualdade social latente em nosso país, no qual as pessoas da classe trabalhadora mais inferiorizada arriscam diariamente suas vidas para manter a economia viva. O isolamento social aconteceu, mas não foi para todos. Uma das falas que mais me chamou a atenção no filme é a do entregador de lanches que foi bloqueado pela empresa de delivery  por causa de um problema que teve com seu veículo/instrumento de trabalho. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, o jovem trabalhador questiona “Você sabe o quanto é difícil carregar comida nas costas de barriga vazia?”, essa frase entrega tudo, todas as problemáticas sociais preexistentes em nosso país, todo o medo,  insatisfação com o sistema de consumo e negligência com a vida humana. 

Um certo mal-estar ( dir. Tiago Carvalho Calmon de Almeida)

O curta Um certo mal-estar ( dir. Tiago Carvalho Calmon de Almeida) chega de forma abrupta trazendo informações de um vírus que ainda estava distante da realidade do brasileiro.  De uma forma ou de outra o título do filme é exatamente a sensação que nos causa, um amontoado de informações, vozes, notícias ruins, momentos acelerados de angústia e desespero, tudo isso enquanto o personagem toma seu café da manhã. Olhos confusos e mente cansada, vivendo no automático e torcendo para que acabe logo. O cenário de incertezas e distanciamento social é observado ao longo dos oito minutos da trama experimental do nordestino que sobreviveu ao caos da pandemia.

 

As mostras serão tanto no formato online quanto no presencial. A programação completa do Circuito poderá ser vista no site circuitopenedodecinema.com.br  Os textos sobre a cobertura do Circuito Penedo de Cinema estarão disponíveis aqui.

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