Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.
A Mostra Panorama chega a sua última sessão com a série que reúne três curtas-metragens, em uma conversa com as artes cênicas, cinema e dança. Os filmes desse recorte são poéticos e potentes em todas as suas formas. Nesse impasse entre solidão, preconceitos e silêncios, os filmes se encontram e encerram essa série de maneira singular.
Labirinto (SP), de Henrique Zanoni
É um filme solitário que traz uma mulher encenando vários monólogos que permeiam sua existência. O curta-metragem se baseia na obra da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, que viveu entre 1919-2004 e foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões, o maior prêmio literário da língua portuguesa. As falas da personagem se confundem com os poemas de Sophia, além das expectativas e dos silêncios causados em meio a atuação, o filme se faz potente em toda sua construção dramática.
Dois garotos que se afastaram demais do sol (SP), de Cibele Appes e Lucélia Sergio
O curta-metragem inspirado na vida dos boxeadores afro-caribenhos Emile Griffith e Benny Kid Paret, se passa nos anos 60, nos Estados Unidos da América (EUA). O filme produzido em preto e branco retrata como dois homens negros por ódio e por medo destruiram suas vidas no ringue, em uma tragédia televisionada. Na trama, Emile e Kid campeões mundiais de boxe foram para os EUA para tentar uma vida melhor e dar melhores condições para suas famílias, ambos vindos de lugares muito ensolarados precisavam conviver com o frio que assombrava o país Norte Americano, nesse impasse e em busca da liberdade eles se enfrentam em uma luta que selam seus destinos. Enquanto Emile precisa esconder sua sexualidade, Kid se recusa a perder e voltar para o canavial onde era escravizado em Cuba. O confronto entre eles começa fora dos ringues, infelizmente, toda vitória precisa de uma derrota, mas naquela luta os dois perderam.
Abominável (SP), de Cris Lyra, Larissa Ballarotti
O filme que encerra esse ciclo de séries da Mostra Panorama é uma adaptação do espetáculo Abominável que foi criado com base nos textos das falecidas autoras Natalia Ginzburg, Wislawa Szymborska, Ana Cristina Cesar, Sylvia Plath, Katherine Mansfield e Audre Lorde. O filme passeia por diferentes espaços, trabalha com descrições de cenários e falas entrelaçadas. Enquanto contracena com a câmera, a artista dá voz ao silêncio, em sua busca por entender as ausências, se transpõe em sua arte, até não conseguir respirar mais.
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