Cobertura: Mostra Panorama | Sessão 4

Texto: Janderson Felipe. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Panorama | Sessão 4

Uma conversa interessante existe entre essa sessão e a anterior, as relações familiares estão presentes, mas agora num sentido de busca, de redescoberta e de praticamente ressignificação dessas relações. Interessante também o diálogo com a literatura dos três primeiros filmes desta sessão, ao buscarem os rastros de escritoras populares e perseguidas pela ditadura e o moralismo de sua época, sendo agora resgatadas num movimento de justiça para elas.

Fora de Época, Drica Czech e Laís Catalano Aranha

Alguns dos filmes dessa mostra trazem o isolamento de suas personagens como recorrente, muitos devido ao contexto de pandemia, no caso de Fora de Época, o isolamento existe através do distanciamento familiar e das diversas cisões que o contexto político criou entre as famílias nos últimos anos, Renata espelha o mesmo isolamento vivido por sua mãe no passado, reencontrando na memória dela e na escritora Cassandra Rios a possibilidade de reinventar seu passado e imaginar uma nova possibilidade de futuro.

Adelaide, aqui não há segunda vez para o erro, de Anna Zêpa

O filme é elaborado através do rastreamento de uma autora bastante popular no Brasil com obras que exploram a sexualidade, principalmente da mulher. Ao partir do ponto de reimaginar a presença de Adelaide nos tempos de hoje, o filme busca reconhecer a autora num processo de justiça em relação à perseguição sofrida e o esquecimento imposto devido a subversão sexual de suas obras, que mesmo sem ter um túmulo com seu nome, tem em suas obras e seus admiradores como marcas de sua passagem.

De Dora, por Sara, de Sara Antunes

O filme acontece num movimento de reimaginar as cartas de prisão e exílio da guerrilheira Maria Auxiliadora Lara Barcelos e sua mãe, num processo de reencarnação através da realizadora Sara Antunes, passado que se encontra em corpo presente, em três gerações de mulheres, é interessante ver como esses três  filmes comentados aqui também em sequência, permeiam em conjunto a condição de mulheres em meio a um estado de repressão como foi a Ditadura Militar e como isso vai se refletindo dentre as relações familiares.

Menarca, de Lillah Halla

Filme de monstro, como é bem conhecido do gênero, buscando espelhar alguma condição humana real através do fantástico, do horror, e em Menarca não é diferente, a contação de praticamente uma fábula onde uma garota encontra num monstro marinho (seria uma sereia?) a fascinação pelo estranho e identificação para saída de sua condição de exploração, a crença no fantástico.

Acompanhe a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes on-line pelo site.

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