Cobertura: Mostra Sururu de Cinema Alagoano – 1ª dia

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. 

Cinema Alagoano em Celebração: 15ª Edição da Mostra Sururu

Entre tradição e rupturas: um panorama do cinema que respira Alagoas

A 15ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano inaugurou sua edição comemorativa, prestando uma justa homenagem a Regina Célia Barbosa, primeira mulher celebrada em vida pelo festival. Com uma carreira que se estende desde os anos 1990, Regina exemplifica a dedicação ao fazer cinematográfico, tendo em seu currículo obras significativas e atualmente trabalhando em uma série sobre a Nação Zumbi para o Canal Brasil.

O primeiro dia da mostra apresentou um conjunto de obras que dialogam com memória, identidade e resistência. “Apesar das Quebras”, de Mark Nascimento, mergulha corajosamente nas feridas ainda abertas do Quebra de Xangô de 1912. O documentário não apenas registra, mas provoca reflexões necessárias sobre intolerância religiosa e preconceito, através dos olhares de Mãe Jeane, Mãe Mirian e acadêmicos.

“Cristo Corre-Campo”, sob a direção sensível de Lara Araújo, oferece um retrato intimista do sertão alagoano. A obra transcende o mero registro documental ao transformar o ofício da entalhadura em metáfora da própria existência humana.

Em “Cine-Guarany”, Karolina Justino revisita as ruínas de um cinema em Rio Largo, construindo uma narrativa que ultrapassa a nostalgia para discutir o abandono dos espaços culturais. Através de quatro depoimentos, o filme tece um mosaico de memórias que ecoa a importância dos cinemas de rua.

Meworoné” apresenta uma narrativa potente sobre identidade indígena. O filme de Reidison Ruan Tononé Silva aborda com sensibilidade o conflito entre modernidade e tradição, através da jornada de uma jovem Kariri Xocó.

Fechando a primeira noite, “Phoenix Club”, dirigido por Gabriela Araújo, traz uma ficção delicada sobre a terceira idade. Em 16 minutos, acompanhamos Valeriano em sua redescoberta da vida após a aposentadoria, entre pedaladas à beira-mar e encontros no clube que dá nome ao filme.

Em um gesto de democratização do acesso, a mostra demonstrou compromisso com seu público ao adequar a duração dos filmes competitivos aos horários do transporte público, evidenciando sua preocupação com a inclusão social e o acesso à cultura. Outro detalhe importante foi o fomento à acessibilidade, exibindo os filmes com recursos em libras e audiodescrição. 

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