COBERTURA | VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano: Primeiro dia

A mostra competitiva da oitava edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano teve início nesta quinta-feira (14), onde na fala de abertura da representante da Secretaria de Cultura do Estado foi prometido mais uma vez o pagamento do IV Prêmio de Incentivo ao Audiovisual de Alagoas, sendo recebida com tons de protesto por parte de realizadores e da produção da Mostra, já que o edital está há mais de um ano atrasado, vindo de uma série de promessas de pagamento por parte governo.

Pode-se dizer que o tom político também tomou o início da mostra competitiva, onde ao que parece a curadoria criou dois momentos, o primeiro formado por filmes que buscam um resgate histórico-cultural do estado. A começar com Tupi or Not Tupi (direção coletiva), a animação em stop-motion se utiliza da sátira para recontar uma história antropofágica envolvendo o Bispo Sardinha e os índios caetés de Coruripe.  A seguir de Furna dos Negros (de Wladymir Lima), onde a força da oralidade de um povo quilombola se une a uma poética visual, ao mesmo tempo que revisita a terra e a caverna que serviram de abrigo para Zumbi e de outros tantos negros quilombolas, aponta o caminho para um futuro em que a juventude negra pode correr livre. Eneias, o picapau (de Celso Brandão) é mais uma obra do respeitável cineasta, – que nesta edição da mostra está em dose dupla – ao trazer o xilografista Enéias Tavares do Santos viajando por sua própria história. Terminando este primeiro momento temos Uma Interrogação para o Mundo (de Arnaud Borges), filme produzido por membros do MOVA – Movimento Cultural Alagoano que se utiliza de uma poesia para um manifesto político.

Furna dos Negros (de Wladymir Lima)

Uma tríade configura o segundo momento da sessão com filmes que apresentam relações afetivas – sejam elas familiares ou românticas – que se passam predominantemente num único espaço, a começar por Ressonância (de Fabiana Paula), se utilizando de uma narrativa inversa em que mãe e filha tem a convivência deteriorada pela violência domesticada. Já em Cadê Minha Casa que estava Sempre Aqui? (de Renata Baracho), a poética das lembranças da infância de três irmãos é vista através da rigidez de planos tão bem elaborados, construindo um espaço em que recordações lutam para lhe voltar a vida. Encerrando os filmes da mostra competitiva do dia, A Noite Estava Fria (de Leonardo Amaral) filme carregado de afeto ao retratar das dificuldades dos relacionamentos contemporâneos, Bruno e Caio são duas torres que precisam lidar com o espaço que existem entre si.

A sessão foi encerrada com o filme convidado O Peixe (de Jonathas de Andrade), apesar de ter produção pernambucana, Jonathas é nascido em Alagoas e toda locação da obra se passa nas cidades de Piaçabuçu e Coruripe, retrata de forma única o ato de pescar, e a relação pescador e pesca em belas imagens captadas em 16mm.

Ao que se entenda a diversidade proposta pela curadoria, os dois momentos da sessão não dialogaram muito bem, sendo uma quebra na continuidade da sessão, tendo assim um fluxo intermitente.

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