Crítica: Alagadiça (dir. Feliz Graber)

Texto: Malu Damasio. Revisão: Tati Magalhães.

A cultura está morrendo sufocada, mas nós resistimos”

As cores vibrantes perpetuam a resistência do Pontal da Barra, que antes nascia e morria às margens da Lagoa Mundaú. Mas, contra todas as adversidades, recusa-se a se render. Sufocante, não há tempo de respirar, pois a cada verso sou inundada por uma dor que se tornou coletiva. Alagadiça é um manifesto que segue o fluxo contínuo e rítmico de um slam escrito por Itailane Macena, poeta e artista alagoana. Através dessa poesia marginal ressoam os gritos de uma periferia, que é repleta de cultura e está cansada das sombras da invisibilidade. Mas não é o cansaço que marca essas margens, é a luta constante, a luta através da arte. No filé, onde a moda se entrelaça com as raízes locais, na madeira, onde se esculpem histórias, na pesca, que reflete tanto o rio quanto a vida de quem dele depende, e na poesia, onde os inquietos buscam por abrigo. Apesar da montagem lembrar uma estética publicitária, com cortes rápidos e ríspidos, percebe-se também que cada movimentação é utilizada com precisão para criar narrativas, ilustrar histórias reais e construir a utopia de uma Alagoas viva.

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