Crítica: Alano (dir. Silvio Leal e Henrique Oliveira)

Texto: Paulo Vieira. Revisão: Larissa Lisboa

Em uma sociedade que não permite alguém com sexualidade diferente do padrão se descobrir e experimentar livremente, faz com que esse grupo de pessoas sejam direcionadas a todo um submundo de procura e encontro, em que uma série de tentativas e erros são impressas perante a sociedade como promiscuidade.

Admito que meu primeiro olhar sobre Alano, curta do diretor Silvio Leal (que é também um dos protagonistas) e Henrique Oliveira, foi de reforço de estereótipos que poderiam ser interpretados de forma errônea por algumas pessoas, mas depois de refletir percebi que na verdade se trata da realidade de um homem que se encontra só e por que não, com tesão.

Em alguns momentos o espectador pode achar que Miguel (Silvio Leal) está sendo enganado, mas em diversas ocasiões ele percebe as intenções implícitas de Alano e até o possível perigo em que se encontra, e ele escolhe estar naquele momento, que apesar de suas adversidades não deixa de ser também uma oportunidade.

Com uma extensa e gráfica cena de sexo regado a drogas, os atores se entregam ao julgamento do espectador e nos desafiam a duvidar do prazer que é mostrado na tela. Contudo a realização peca em focar no ato em si, e não no contexto e sensualidade apropriada, com cortes rápidos as cenas tem uma dinamicidade que permite a quem assiste observar todos os ângulos possíveis.

Apresentado na penúltima noite da 10ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, o filme com uma câmera fixa que foca na expressão dos personagens, nos mostra a qualidade de atuação do elenco, seja na movimentação corporal ou entonação das falas apesar de algumas “caricaturagens” do sotaque alagoano.

Por grande parte de seus 23 minutos o filme se encontra preto e branco. E em conclusão nos apresenta uma nova sexualidade, o dinheiro, ao abandonar os tons de cinza e entrar em um quadro colorido, o protagonista nos mostra seu verdadeiro eu em uma conclusão do “trabalho da noite”, mas quem sabe a olhada para trás nos dê algum indício de remorso do personagem, culpa que logo vai embora junto com o ator.

Apesar de refletir e ressignificar aspectos do filme, acredito que Alano representa a solidão de alguém que deseja apenas sexo mesmo nos fazendo esperar por mais que isso.

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