Texto: Karlla Sart. Revisão: Tatiana Magalhães.
Uma Ana
Ana é provavelmente um dos nomes femininos mais difundidos em todo o Ocidente. Não é difícil conhecer uma Ana que tenha uma bela história pra contar, e o cinema alagoano apresentou uma: Ana Terra. Não! Não é a personagem de Érico Veríssimo e, apesar da forte personalidade em comum, confesso não encontrar conexões explícitas com a criação desse autor. Trata-se de uma alagoana, arapiraquense, uma Ana, Ana Maria Macedo Terra.
O filme, uma realização do Sesc, com produção do fervente Núcleo do Audiovisual de Arapiraca (NAVI), é um documentário de direção coletiva, sob os olhares dos alunos do Curso de Produção de Documentário, realizado na Unidade Sesc Arapiraca e ministrado por três importantes nomes do cenário audiovisual alagoano: Wéllima Kelly, Leandro Alves e Wagno Godez. O curta-metragem, ilustrado com a fiel Arapiraca, mostra alguns arquivos de vídeo da antiga cidade, pouco antes de passear pelas ruas contemporâneas, que têm muito a dizer sobre a mulher autêntica.
O roteiro se apresenta como uma contemplação de frações da vida de Ana Terra. O documentário não descreve sua trajetória, não apresenta começo ou fim, apenas revela um caminho, o que sugere vida, movimento e constância. Esse seria, talvez, o ponto negativo. Há um egoísmo da obra ao deixar o público com sede de Ana. Será que não dava pra nos dar um roteiro circular? Não! A personagem, por mais que pareça a protagonista de uma ficção cinematográfica, é real, e sua história só a ela pertence. Vemos o retrato poético de uma mulher artística, vaidosa, alegre, bem resolvida e que se basta. Foi puta? “Eu fui feliz”, garante ela. Ana é uma mulher linda, tem uma voz que soa linda em seu depoimento e ainda mais linda quando canta.
Quem além de Ana Terra faria o público da Mostra Sururu de Cinema Alagoano se deliciar com uma versão tão legítima de Like a Prayer a ponto de estalar os dedos no ritmo da música? A experiência de assistir ao trabalho feito a várias mãos é satisfatória. O filme é leve, alegre, real e assertivo. Como poucas direções coletivas, a equipe esteve em harmonia e gritou em uníssono.
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