Crítica: Avalanche (dir. Leandro Alves)

Texto: Ezequiel de Lima. Revisão: Chico Torres.

Acompanhando a vida de um jovem e o relacionamento com o seu pai após a sua casa ser invadida por um assaltante, o curta-metragem retrata a frustração que muitas pessoas passam após serem vítimas de algum crime. O pai, em um discurso feito durante o café da manhã junto à sua esposa e seu filho, ressalta seu esforço não recompensado por aquela família, expondo, assim, o retrato de um sentimento de frustração que permeia todo o filme.

Ambientado no sertão de Alagoas, o curta explora a falta de segurança presente no estado, que é o terceiro mais violento do Brasil, além da sensação de impotência presente na população. Um exemplo disso é a cena em que o pai do protagonista, desesperado, compra uma arma como forma de tentar aumentar a segurança na própria casa. Porém, vê-se a inexperiência e falta de consciência do personagem quando o mesmo esquece de pegar as balas.

Há alguns problemas com o roteiro: é introduzida, por exemplo, uma personagem feminina, namorada do jovem protagonista, mas de forma um tanto superficial, de modo que sua participação – que é decisiva na frustração sentida pelo jovem – acaba não tendo quase nenhuma força dramática.

A dinâmica entre os personagens é boa, pois as relações são bem estabelecidas e expostas, principalmente, entre o protagonista e seu amigo. A relação do filho com a mãe, mesmo sendo exposta rapidamente, se mostra como uma relação de apego mútuo. Já a relação com o pai é problemática, e vemos um jovem decepcionado consigo mesmo por não cumprir as expectativas imposta por seu pai.

O ritmo do curta de Leandro Alves flui de forma leve e é entregue um final com uma atmosfera densa, sendo um reflexo de uma sociedade insegura e decidida a fazer justiça com as próprias mãos, mas que não pensa nas consequências que esse ato pode vir acarretar.

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