Crítica: Leve A´mar (Kátia Rúbia) e A Última Carta (Eduarda Marques e Sérgio Onofre)

Texto: Roseane Monteiro. Revisão: Larissa Lisboa

Leve A´mar e A Última Carta foram exibidos na primeira noite da mostra competitiva da IX Mostra Sururu de Cinema Alagoano. Estes filmes têm muitas coisas em comum, Leve A´mar foi produzido por uma oficina em Arapiraca e outro filme pelo curso do Pronatec (Mediotec) em Penedo. Essas ficções exprimem os cenários das cidades interioranas de Alagoas, e trazem duas mulheres para dirigir seus primeiros curtas, Kátia Rúbia é roteirista e diretora de Leve A´mar e A Última Carta tem a direção de Eduarda Marques compartilhada com Sérgio Onofre.

Os filmes dialogam com o melodrama, bebem do sofrer, das lágrimas e da dor. Criam momentos felizes para os personagens, para que daqui alguns minutos, os protagonistas embarquem no drama, sofrendo ou correndo um grande perigo. Como bem exemplifica o filme, Leve A´mar, observa-se o casal apaixonado Bia e Tony, divertindo-se nas belas paisagens de Pontal de Coruripe e repentinamente acontece uma tragédia.

Como ponto positivo, cito a atuação de Jaqueline Tavarez, que esteve bem à vontade no papel de garota apaixonada assim como Julien Costa interpretando Seu Joca; eles entregaram os personagens com carisma para a trama dramática. Em relação a direção, os planos de drone, acho que não foi bem acertado com a linguagem construída do filme.

Já em A Última Carta, exibe-se o desenrolar do romance de Hugo e Estéfane quando eles se conhecem e até o fim da relação. O curta-metragem trabalha um tema espinhoso para os dias atuais e conservadores como o aborto; o roteiro é ambíguo em assumir a perspectiva progressista ou conservadora em relação ao aborto porque faz uma denúncia das clínicas clandestinas, mas é punitivo com a personagem que aceita fazer. Em relação a montagem, aparece uma cena de amanhecer que era em uma outra cidade, mas que não dialogava com imagens dos personagens no quarto, se a intenção era uma passagem do tempo não ficou muito claro.

Contudo, os filmes mostram coragem e integridade dos realizadores, e frisa que o cinema alagoano pode ter espaço para melodrama, comédias, terror, romance que tudo isso vem do amadurecimento tanto de linguagem do cinema quanto narrativa para construir espaços para diversos cinemas, e fico feliz que esse olhar está vindo do interior de Alagoas.

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