Crítica: Trincheira (dir. Paulo Silver)

Texto: Aermerson Barros. Revisão: Chico Torres.

Sonhos Destroçados

As contradições do mundo nos levam a uma periferia onde a fotografia mostra a visão de uma cidade, um lugar equidistante dos sonhos de uma criança reciclando lixo, transformando-o em brinquedo tecnológico. Ela cria seu próprio mundo, um ambiente perfeito em sua ótica.

O garoto, à primeira vista, seria um adolescente que vive só, porém pelo figurino e o domínio de assuntos que o personagem possui, como a ideia de decoração e ambientação, deixa evidente que não é o caso, é apenas um menino que saiu de sua casa para brincar e traz para esse ambiente sua visão de mundo. Assim, a direção deixa a interpretação a critério do espectador que viaja junto do protagonista.

Em um dado momento, quando a imaginação flui e a vida parece perfeita, seu mundo é destroçado, esvaindo todos os sonhos, transportando-nos à vida real de centenas de milhares de famílias que são despejadas de suas humildes casas, jogadas ainda mais para a marginalidade da vida, os pensamentos dos entes da família que vive esse momento seria de “Como seria bom se um disco voador aparecesse aqui e me levasse para distante, muito distante”.

O nosso pequeno herói desolado e sem perspectiva, sonha e esse sonho é traduzido nas brincadeiras daquele lixo que reciclara, agora realizado, e é aí que a direção e a montagem do curta nos surpreendem, com a criatividade que se mistura com a do personagem no início da saga, com uma história leve e bonita, temos um final cheio de aventuras até que um dia o sonho possa acabar… ou não.

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