Texto: Leo Pimentel. Revisão: Larissa Lisboa.
Lia quer um vestido novo para ir à festa. Lia “aperreia” a mãe que é costureira e dedica todo seu tempo para atender os clientes, mas esquece de que sua filha quer um vestido novo para ir à festa.
É neste cenário infantojuvenil, que Hermano Figueiredo e Regina Barbosa, apresentam o curta Um vestido para Lia, adaptação da obra literária do mesmo nome, de Regina Barbosa, carregado da sonoridade nordestina e da cultura popular.
O curta começa com a mãe de Lia e Zefa, sua ajudante, costurando exaustivamente para atender as entregas dos seus clientes. A mãe de Lia chama por ela, que está dormindo, e nas primeiras palavras da menina quando acorda já é formulado o pedido do tal vestido novo para a festa. A mãe diz a ela que não pode fazer o vestido novo porque tem tanta entrega e não vê necessidade por entender que ela tem outros vestidos que podem perfeitamente servir. Mas, Lia não se conforma e o que vemos a partir deste momento é um conflito entre a mãe e a vontade da filha, em certos momentos parecendo birra de criança, mas de certa forma uma metáfora verdadeira dos conflitos entre mãe e filha, que surgem ao longo da vida. Uma menina que sente que a mãe não dedica o tempo necessário a ela e a mãe que precisa trabalhar muito para trazer dinheiro para casa, que acha que a filha não entende o sacrifício dela.
A virada da história se dá quando Zefa passa a interagir com Lia e a procurar entender a importância do vestido para ela e assim, ajudar na realização do desejo da menina. Penso, que está exatamente neste ponto do curta a chave para o entendimento crucial do que parece ser apenas uma implicância de Lia com sua Mãe. Tipo uma queda de braços e vai sair vencedor aquele que tiver mais força. Na verdade outros sentimentos são levados à discussão, como a relação entre mãe e filha, que estão aparentemente distantes, devido ao trabalho da mãe, e isso, faz com que a rebeldia natural da pré-adolescência fique mais clara nas atitudes de Lia.
O vestido novo que Lia quer nada mais é que o simbolismo da mudança de uma época infantil para um novo mundo, onde os olhos de criança deixam espaço para um olhar novo e adolescente, vibrante e feliz, contrastado com a música, a cor e a alegria da festa, onde apenas um olhar e um sorriso demonstram sem palavras, a sensibilidade de uma constatação plena da felicidade de se sentir importante e vivo.
Além do vestido que Lia tanto deseja, a história mostra o convívio de um povoado lagunar da Massagueira, situado próximo a Maceió, trazendo características da simplicidade e da paisagem deslumbrante daquela região. Apresenta a bela região com cenas muito bem fotografadas, as característica do povoado, com suas casas e sua arquitetura peculiar da região e do sotaque do povo nordestino, tão importante para construção da cultura deste país.
Leave a Reply