Documentário filmado em Cajueiro alerta para criação de acervo histórico-cultural no município

Texto: Erika Basílio e José Arnaldo / Assessoria

Com direção do jornalista José Arnaldo, a produção foi realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo.

O tempo passa e leva, consigo, muitas coisas. Memórias, pessoas e momentos não estão imunes às atualizações do mundo moderno e caminham, lenta ou rapidamente para o profundo esquecimento.  Tendo cerca de 30 minutos de duração, o documentário “Cajueiro – Cultura, Tradição e Religião” apresenta um recorte atual do cenário sociocultural do município de Cajueiro, interior do estado de Alagoas, alertando para a necessidade da criação de um acervo histórico-cultural público do município.

Contemplado no Edital do Audiovisual do município de Cajueiro/AL e produzido com recursos do Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo (LPG). A produção ouviu a população do município, trazendo, em suas histórias, a necessidade da criação de um acervo que representa a identidade do povo “cajueirense”, gentílico de quem nasce em Cajueiro. Ao ouvir as pessoas, é possível registrar momentos e eventos que ajudam a construir a história da cidade e da sua população.

“Os alunos não têm muito estímulo para estudar sobre Cajueiro. Quando falo que vamos pesquisar a história de Cajueiro, eles perguntam: ‘Mas qual professora? Aquela que a gente estudou no ano passado?’. Porque a informação é sempre a mesma e é muito limitada. Hoje não temos fontes históricas para explorar a nossa história. Por isso, eu sempre os incentivo a ouvirem os avós. Porque ali está toda a riqueza da história do povo. É na memória”, conta a professora de história, Leila Clemente, uma das entrevistadas.

Considerado município desde 22 de maio de 1958, Cajueiro tem 65 anos de emancipação política, sendo  elevado à município com área desmembrada da cidade de Capela. No entanto, a história da cidade não é contada e estudada em sua totalidade, devido a falta de registro oficiais e informações públicas que permitam conhecer curiosidades e informações importantes para o desenvolvimento socioeconômico do município. Além da falta de dados de suas tradições e culturas, onde suas práticas estão sendo encerradas gradualmente.

“Se formos considerar que Cajueiro foi elevado à categoria de município, pela primeira vez, em julho de 1904, estaria completando, este ano, 120 anos de história. Mas onde estão os 120 anos de memória? Pouco tempo depois perdeu o posto e voltou a ser município só em 1958, mas também não há informações desse período. Nosso objetivo é conscientizar o povo e, também, aos gestores, da necessidade de captar, organizar e tornar pública as informações sobre a história e a memória do nosso município”, explica o jornalista e diretor do projeto, José Arnaldo.

Com 16.024 habitantes, segundo o censo de 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cajueiro teve sua origem, como povoado, em meados do século XIX, às margens do Rio Paraíba, formado pela família Marcelino. Os migrantes do sertão, com destino a cidade de Pilar e a Maceió, descansavam seus animais à sombra de um pé de Caju. Com isso, a denominação da localidade, Cajueiro. Para o idealizador do projeto, a história da cidade não se resume apenas nesta pequena passagem, possuindo, assim, uma gama de eventos nunca explorados ou registrados.

“A  ideia inicial do projeto seria fazer um levantamento histórico sobre o município, mas, por não haver informação pública disponível, a proposta sofreu alterações. Os materiais fotográficos e documentais estão na casa das pessoas e, muitas delas, não querem falar sobre assunto. Com isso, a memória do documentário foi feita por um registro de oralidade. É urgente a criação de novos registros, considerando que os idosos estão morrendo e as histórias e memória estão indo com eles”, lamenta o diretor. .

Bacharel em Jornalismo e Pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual, José Arnaldo possui diversas produções audiovisuais autorais, desde documentários a obras de ficção. Já teve filmes selecionados em mostras de cinema como a “Mostra Sururu de Cinema Alagoano” e “Festival Alagoanes”, em Maceió/AL, e “Mostra Quimerama de cinema independente de ficção científica, fantasia e horror”, em Fortaleza/CE. Além de contribuir no desenvolvimento de obras enquanto roteirista, consultor e na equipe técnica.

Com o documentário, surge a promoção e incentivo ao registro da memória atual, por meio de produções audiovisuais, possibilitando a criação de um acervo que poderá ser consultado pelas futuras gerações, além de resgatar memórias. Entre os entrevistados estão personagens como o Padre, o Babalorixá, representantes do Movimento Espírita, Agricultores, Feirantes, Artesãos, Coveiro, Artistas e Educadores que contribuíram para construção do acervo histórico do cenário atual do município.

O documentário tem a data de estreia oficial prevista para maio de 2024, no entanto, as atividades, bastidores, recortes de depoimentos, informações sobre a cidade e novas ações do projeto podem ser acompanhadas por meio da rede social da produção no Instagram, no @doc.cajueiroal ou pelo canal do Youtube.

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