2 Comentários em Ela

  1. O curta Ela, de Nivaldo de Vasconcelos, transmite com delicadeza e de forma íntima ao telespectador, a sensação calorosa da construção de uma personagem e sua história, com base na narração da pessoa que está sendo entrevistada, sob um olhar perceptivo ao que está sendo-lhe mostrado. Tratando de um gênero ficional, pareceu-me um misto de documentário mais ficção (documentário ficcional), onde a resposta da entrevistada sobre a pergunta que também é sinopse do filme, “Queria que você olhasse para essa foto, olhasse bem e falasse sobre ela. O que vem na sua cabeça quando você vê essa mulher?”, constrói no imaginário do telespectador, a construção da mulher. Ressaltando seu temperamento, sua personalidade, suas crenças e no quão imersa ela está na vida que a entrevistada projetou ao observar a foto.
    De forma íntima, a narração nos leva a um espaço imagético residencial, no qual a figura matriarcal e até o presente momento protagonista da foto, faz-nos querer conhecer mais ainda quem era aquela mulher. Despertando mais ainda a curiosidade de quem assiste. Em sua projeção narrada, a entrevistada descreve a mulher como a matriarca da casa, que gosta dos filhos, gosta de ser mãe e se fosse possível teria mais. Descreve seus supostos hobbies, como tricotar capas para as almofadas do sofá e que às vezes, a solitude a aborreça, mesmo aceitando que tudo o que aconteceu e se sucedeu, a levou para onde está até o atual momento da foto. Na foto, a mulher está sorrindo de forma amarela, expressão literária que refere-se a forçar um sorriso. Em contrapartida, ao passo que olha para a fotografia por mais tempo, ela parece estar de fato sorrindo, mas não tão alegre, mas apenas de conformidade com o momento. Como o famoso sorriso da Monalisa que até hoje está posto em questão. A foto fez-me pensar nessas possibilidades.
    Por fim, quando falamos em elementos fílmicos no curta, pude identificar apenas dois. Na primeira cena, quando é feito a pergunta à mulher, onde o ângulo normal é evidenciado, ao qual a câmera é colocada na altura dos olhos da personagem da presente ficção que nos é apresentada, e um elemento de movimento de câmera chamado de traveling para trás, que fica evidente apenas no final do curta, quando a foto está se distanciando para mostrar o restante dos elementos que faltavam para compor a imagem e a veracidade da narrativa que nos é contada. Nela e assim a narração conclui, que em um dia de lazer, a mulher foi visitar a casa de alguém e resolveu capturar aquele momento com seus filhos. Nivaldo instigou de forma incrível e brilhante, a imaginação de quem assiste a esse maravilhoso filme! Que mesmo possuindo apenas 8 minutos e uns segundos, sem espaços reais para vermos a personagem e possíveis personagens se movimentando, não fez ao meu ver individual, a falta de espaços reais para construir a narrativa da mesma, por uma vez que as criamos ao passo que é narrado.

  2. Não deixando de citar também, o quão confiável e acolhedora é a figura matriarcal que a entrevistada construiu para ele, onde seus filhos depositam carinho e amor pela mesma.

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