Filme Alagoano conquista espaço no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro


Texto: Jairis Meldrado. Revisão: Larissa Lisboa. Foto: Liz Riscado/Divulgação.

A Academia Brasileira de Cinema organiza o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro há 17 anos, premiando os melhores filmes brasileiros e estrangeiros em várias categorias. Esse ano temos As Melhores Noites de Veroni de Ulisses Arthur representando a produção alagoana e concorrendo a categoria de melhor curta-metragem de ficção, temporariamente disponível online no site Porta Curtas (link para acesso a página do filme).

O primeiro curta de ficção de Ulisses Arthur vem conquistando espaço em mostras e festivais ao redor do Brasil, já teve exibições em Goiânia – GO; Brasília – DF; Taquaritinga do Norte, Orobó e Recife – PE; Vitória da Conquista e Feira de Santana – BA, Belo Horizonte- MG, Maceió, Penedo e Arapiraca – AL. Agora chegou a vez do Rio de Janeiro em uma das mais reconhecidas premiações do cinema brasileiro, ganhando maior visibilidade no cenário nacional e em uma plataforma online, o que facilita o acesso.

“O filme está disponível online e as pessoas de todo o país estão assistindo, cada uma como pode, soube que uns amigos viram na TV, outros no notebook e outros no telefone. Graças ao destaque que o Grande Prêmio nos deu As Melhores Noites de Veroni ganhou outra visibilidade e outras possibilidades de diálogo com o público que é o tempo todo em quem a gente quer chegar, mais importante que “engrandecer o currículo” é que os filmes sejam vistos e circulem o máximo possível”, disse Ulisses.

Realizado com recursos do Prêmio Guilherme Rogato o filme conta história de Veroni, que busca uma forma de encarar seus dilemas e desafios com maior suavidade. Apesar de ser uma obra de ficção o curta mostra a realidade de esposas que precisam lidar com a solidão e ausência de seus maridos.

A presença do filme no Grande Prêmio traduz a garra de um grupo de realizadores que acreditam na produção regional, lutam por progresso e fazem o possível para colocar o nome de Alagoas no cenário nacional como local de boas produções cinematográficas e que vem crescendo de forma promissora. O diretor compartilhou um pouco da visão dele sobre a importância da participação para o Estado.

“Sempre que um filme de um lugar ganha destaque acredito que toda cena de realizadores e produtores cresce junto, mas um movimento não se faz com um filme só. Estamos numa onda crescente de produções, de maturação de linguagem e consciência política do potencial das imagens, cada filme que surge e ganha um êxito diante de um contexto nacional oxigena o movimento”.

A dificuldades são muitas e a falta de apoio do Estado é gigantesca, muita coisa precisa ser feita e tantas outras melhoradas, Alagoas ainda é muito carente em relação ao âmbito cultural, o que dificulta as realizações em qualidade, crescimento e acabam em muitas vezes desestimulando potenciais realizadores.

“Somos carentes de políticas culturais sólidas e de um calendário cultural consolidado. Muitas produções acontecem na guerrilha aqui, mas precisamos de dinheiro para garantir a maior qualidade técnica (que sabemos que é um critério relevante no circuito nacional) e estabilizar o movimento de profissionais do audiovisual. É muito ruim esperar para por projetos e ideias em prática, é desestimulante. Sabemos que há inúmeras possibilidades de retorno financeiro do audiovisual, mas ainda há pouca visão política e cultural do poder público para fazer com que possamos avançar nessas questões. Acho que a saída não deve e nem pode ser pacífica, cansei de ser diplomático em determinadas mediações e espaços, só me interessa agora ser incisivo e feroz, tanto nas imagens quanto nos debates”, afirmou Ulisses.

As Melhores Noites de Veroni vem se tornando referência, de luta, persistência e de muitas conquistas. Um exemplo que nos mostra bons profissionais fazendo cinema de qualidade e executando com primor seus projetos.

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