Massaroca: Três anos sem Elinaldo Barros – e as listas dos melhores filmes de Alagoas, do Brasil e do mundo

Parceria Massaroca. Texto: Fernando Coelho.

“Foi numa tela que a figura de Elinaldo Barros se tornou conhecida do público alagoano. Em meados dos anos 90, o crítico de cinema colaborava em programas de emissoras de TV com resenhas sobre os filmes que estreavam durante a semana. O texto preciso, a interpretação contida e o sotaque peculiar na pronúncia de palavras e nomes estrangeiros moldavam um personagem nitidamente apaixonado pelo que descrevia.”

Assim iniciei texto sobre “Eli” em entrevista sobre sua inspiradora relação com a Sétima Arte para capa do caderno B da Gazeta de Alagoas, publicada na edição dominical de 1º de agosto de 2010.

Fosse no ofício crítico, como educador ou à frente das exibições da Sessão de Arte, Elinaldo Barros era sinônimo de cinema. Um homem encantado pela magia da imagem em movimento e determinado em compreender e apresentar o melhor da produção audiovisual para a grande tela.

O próximo dia 23 de julho marca o terceiro aniversário da despedida de um legítimo protagonista cultural alagoano, vitimado aos 74 anos por um câncer na próstata, agravado pelo Mal de Parkinson que, anos antes, debilitara a saúde outrora vigorosa.

Personagem principal para o entendimento da tímida, porém singular produção cinematográfica em Alagoas, Elinaldo considerava Celso Brandão como “a grande locomotiva do cinema local” e o filme Casamento de uma Maria, de José Márcio Passos, “a melhor ficção alagoana”.

Presente em todas as edições do icônico Festival de Cinema de Penedo entre 1975 e 1982, foi jurado da terceira em diante. “A melhor foi a quarta”, cravou durante a animada conversa.

Era formado em Letras pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ao longo de 42 anos de compromisso com a educação, trabalhou como professor da rede pública, de colégios particulares e do Cesmac. Mas gostava mesmo era de assistir a uma boa – e bem filmada – história. Um autêntico “catador de fotogramas”, com descrito no título do curta-metragem em sua homenagem dirigido por Pedro da Rocha.

Durante os anos em que atuei como repórter especial e editor-assistente do jornal Gazeta de Alagoas, o autor do seminal Panorama do Cinema Alagoano (1983) se mostrou um dos mais entusiasmados leitores do matutino. Visitava a redação com frequência, sempre a comentar os textos e a trazer novidades sobre a Sessão de Arte – modelo criado por ele em 1995 que revolucionou a qualidade da programação em cartaz na capital.

Como eu sabia que o cinéfilo gostava de listas do tipo “melhores do ano”, sugeri a elaboração de três delas: os dez melhores filmes internacionais, do cinema brasileiro e do audiovisual alagoano em todos os tempos.

Quase 15 anos se passaram após o agradável bate-papo na varanda da residência sombreada por árvore frondosa, no bairro de Jatiúca. Desde então, centenas de produções marcantes redesenharam a história do cinema aqui e em todo o mundo. Mesmo assim, vale a pena rever o ranking depurado por um dos maiores especialistas no assunto.

Dez melhores filmes estrangeiros
O Garoto, de Charles Chaplin (1921)
Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936)
Crepúsculo de um Raça, de John Ford (1964)
Rastros de Ódio, de John Ford (1956)
Os Brutos Também Amam, de George Stevens (1953)
Assalto ao Trem Pagador, Roberto Faria (1962)
A Noite Americana, de François Truffaut (1973)
Acossado, de Jean-Luc Godard (1960)
Amarcord, de Frederico Fellini (1973)
2001 – Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick (1968)

Dez melhores filmes do cinema nacional
O Homem do Sputnik, de Carlos Manga (1959)
Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha (1964)
O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha (1969)
Terra em Transe, de Glauber Rocha (1967)
Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues (1980)
Central do Brasil, de Walter Salles (1997)
Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas (2008)
O Engenho de Zé Lins, de Wladimir Carvalho (2007)
Vinicius, de Miguel Faria Jr. (2005)
Pixote, de Hector Babenco (1981)

Dez melhores filmes alagoanos

Chão de Casa, de Celso Brandão (1982)
Ponto das Ervas, de Celso Brandão (1978)
Filé do Pontal, de Celso Brandão (1979)
Mandioca da Terra à Mesa, de Celso Brandão (1977)
Severino ou O Homem que Jantou o Filho, de Joaquim Alves (1975)
Início de uma Neurose, de Mario Feijó (1976)
Estrelas Radiosas, de Pedro da Rocha (2008)
Desalmada e Atrevida, de Pedro da Rocha (2007)
Casamento de Uma Maria, de Zé Márcio Passos (1978)
História Brasileira da Infâmia – Parte I, de Werner Salles Bagetti (2005)

Para finalizar a efeméride, compartilho trecho da entrevista no momento em que ele lista alguns dos filmes preferidos.

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