Mostra Carambola de Mulheres+ no Cinema (2023)

A Mostra Carambola de Mulheres+ focou na produção audiovisual realizada por diretoras autoidentificadas mulheres e pessoas atravessadas por experiências de exclusão por questões de gênero (mulheres trans e cis, pessoas não binárias e homens trans), a primeira edição da Mostra realizou exibições de filmes, intervenções artísticas, atividades formativas e atrações culturais ao bairro do Jaraguá e no Carambola Lab (casa criativa do Festival Carambola), em Maceió/AL, durante os meses de setembro e outubro de 2023. Contou também com mostras competitivas nos dias 14 e 15 de outubro.

Entre as ações relizadas está a Acelera Cineclube Carambola e Algás Social, aceleradora de cineclubes proposta pela Mostra como iniciativa pioneira para fomentar e difundir o movimento cineclubista em Alagoas, ampliando o acesso à cultura e estimulando a diversidade de temas, espaços de exibição e linguagens dentro do audiovisual. Realizada entre 16/09 e 07/10 no Centro de inovações e com consultoria online, com equipe composta por Maysa Reis (mobilizadora), Elizabeth Caldas (instrutora) e Beatriz Vilela (consultora).

Ainda em setembro foram realizadas a Masterclass Algás Social – “Como montar um festival de cinema: concepção, construção e execução por uma perspectiva feminista” com Maria Cardozo no dia 04/09 on-line; no dia 22/09 no Carambola LAB a Masterclass – “Entre a criação e a burocracia: desafios e estratégias de uma realizadora e empreendedora no mercado audiovisual” com Tuca Siqueira e nos dias 23 e 24/09 a Oficina Algás Social – “Videoclipe com Celular: o papel das novas tecnologias na construção de um cinema acessível” com Amanda Duarte.

Em outubro foram realizadas as Masterclass: “Anatomia de um curta: levando o cinema alagoano para o mundo” com Laís Araújo no dia 11/10, “Como utilizar a Inteligência Artificial para produção de conteúdo no Audiovisual” com Lyana Munt no dia 12/10 e “Do rascunho à tela” com Nara Normande” no dia 13/10. E as oficinas Sebrae: “Diálogos Criativos” com Renata Mizrahi de 10/10 a 12/10, “Ator em ação: pesquisa do movimento no set de cinema + produção de material” com Mariana Ruggiero de 10/10 a 13/10 e “O Cinema como janela para a imaginação: criando universos autênticos e despertando sua voz criativa” com Nara Normande de 11/10 e 12/10. Todas ações formativas de outubro foram presenciais e realizadas no Sebrae LAB.

A abertura oficial da Mostra foi realizada no dia 13/10, no Centro Cultural Arte Pajuçara, com a exibição do filme “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião. Nos dias 14 e 15/10, no Carambola LAB, foram exibidos filmes convidados, mostras paralelas e as mostras competitivas: Mostra+ Brasil, Mostra+ Alagoas e Mostra+ Videoclipes. Entre outras ações realizadas está a exibição do vídeo manifesto “Que horas é reservado às mulheres gritarem?” e bate-papo com a autora Àgnes Souza; a mesa “O enclausuramento das personagens femininas e o direito à cidade”, mediada por Daphne Besen, com Ivana Iza, Valéria Nunes, Juliana Barretto e Itailane Macena; bate-papos com as realizadoras, festas e a cerimônia de premiação, com a presença de juradas Luciana Oliveira, Nara Normande e Sophia William.

A Mostra Carambola de Mulheres+ no Cinema é um braço do Festival Carambola, o maior festival independente de música e artes de Alagoas, idealizado e produzido por mulheres desde 2017. O evento é uma realização de Carambola Produções e Eventos, com coprodução de Piracema Studio, patrocínio da Algás Social e do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas, e apoio de Sambacaitá Produções.


SELECIONADAS E CONVIDADAS

Mostra Algás de Cinema Ambiental
Corpo d’água (AL), direção coletiva de Aline Alves, Camila Moranelo, Dávison Souza, Elizabete França, Isadora Padilha, Ítalo Rodrigues, Marina Bonifácio, Marcella Farias, Maykson Douglas e Nycollas Augusto)
Subsidência (AL), de Beatriz Vilela e Marcus José

Mostra+ Brasil
Pressure (SP), de Che Marcheti
Um tempo para mim (RS), de Paola Mallmann
Firmina (SP), de Izah Neiva
Arreda homem que chegou mulher (CE), de Renata Monte
O ovo (BA), de Rayane Teles
Lapso (MG), de Caroline Cavalcanti
Infantaria (AL), de Laís Santos Araújo
Mórula (RS), de Cristal Obelar e Gabriela Cunha
Tá Fazendo Sabão (BA), de Ianca Oliveira
De noite, na cama (PE), de Malu Rizzo
O que os Machos Querem (PB), de Ana Dinniz
Surreal (SP), de Joyce Prado

Mostra+ Alagoas
Ewé de Òsányin: o segredo das folhas (AL), de Pâmela Peregrino
Impedimento (AL), de Renata Baracho
Projeto de Doutorado.1 (AL), de Roseane Monteiro
Um dia ela amanheceu assim (AL), de Ticiane Simões e Elizabeth Caldas
Nós duas (AL), de Wéllima Kelly e Leandro Alves
NAZO dia e noite Maria (AL), de Andréa Paiva

Longa
“Sem Coração”, de Nara Normande e Tião

Mostra+ Videoclipes
Fake News (DF/SP), de Natália Pires e Maria Vitória Canesin
Caixeira (MA), de Thais Lima
Kumbayá (RN), de Babi Baracho
Presente de Odoyá (AL), de Mary Alves, Ana Carla Moraes e Alvandy Frazão

Mostra Algás de Videoclipe com Celular: lançamento do clipe “Eu me levanto”, de May Honorato


CURADORIA

Cintia Ribeiro, Tuca Siqueira e Wanderlândia Melo


JÚRI 

Luciana Oliveira, Nara Normande e Sophia William.


PREMIAÇÃO

Vivemos um tempo para questionar, para questionar não só o passado, mas também o agora com o seu fazer que por vezes ainda repete erros de um passado hegemônico e higienista, onde as questões que atravessavam o outro não importavam, pois o outro era sempre minoria. Estamos vivendo em tempos de questionar não só o outro, mas a nós mesmos e sobre os nossos quereres e vontades, entendo que se não está bom para o outro não pode estar bom para mim, é hora de acolher nossa mulheridade em sua plena diversidade, é hora de deixarmos de estarmos e assumirmos o nosso lugar de ser, com isso: A pluralidade da curadoria da 1° Mostra Carambola nos apresenta a realidade que estamos vivenciando no atual audiovisual brasileiro, em que olhares emergentes em suas pluralidades: mulheres racializadas (negras, indígenas e brancas) e pessoas LGBTQIAPND+, ocupam o espaço de poder direção, da técnica, da cena, tensionando a lógica masculina e brancocêntrica de pensar e fazer cinema.

MELHOR CURTA (MOSTRA+ BRASIL)

Arreda homem que chegou mulher (CE), de Renata Monte

Por trazer a tona o poder feminino através da corporeidade e espiritualidade, desconstruindo a demonização sobre a entidade PombaGira, criada pelo pensamento brancocêntrico, reconhecendo a matripotência das Yabás e das Yalorixás, “dando assim, a moça, ao que é da moça”, o prêmio de Melhor filme vai para “Arreda homem que chegou mulher” de Renata Monte. 

MELHOR CURTA (MOSTRA+ ALAGOAS)

NAZO dia e noite Maria (AL), de Andréa Paiva

Apesar de apresentar problemáticas em seu título, por perpetuar um imaginário nocivo em relação a pessoas trans e travestis, a partir de um trocadilho com o nome e gênero da personagem, o prêmio de Melhor Curta alagoano vai para NAZO dia e noite Maria, por trazer para cena uma personagem icônica, a frente de seu tempo, e patrimônio da cidade, já homenageada por Elke Maravilha e abordar a lutar para ser quem se é em sua plenitude.

MELHOR VIDEOCLIPE

Caixeira (MA), de Thais Lima

Historicamente folclorizado e espetacularizado por um olhar distanciado sobre os grupos de cultura popular, o videoclipe Caixeira subverte essa lógica nos possibilitando não só observar, como sentir, cantar e dançar junto as Caixeiras do Divino, o Cacuriá de Dona Teté e Rosa Reis, em um protagonismo partilhado em tela. O prêmio de Melhor videoclipe vai para Caixeira, de Thais Lima. 

MELHOR DIREÇÃO

Infantaria (AL), de Laís Santos Araújo

Pela forma com que a diretora aborda um tema urgente regendo com delicadeza um elenco infantil e equilibrando uma narrativa fantástica com fortes elementos documentais.

MELHOR ROTEIRO

Lapso (MG), de Caroline Cavalcanti

Pelo deslocamento do olhar respeitoso  e afetivo para abordar o amor preto, dentro do contexto de uma juventude periférica, atravessada por questões como a surdez, apresentando a construção de personagens com profundidade em suas subjetividades e representatividades. Premiamos o filme Lapso de Caroline Cavalcanti como melhor roteiro. 

MELHOR ARTE

Pressure (SP), de Che Marcheti

Pela criação estética original que propõe diferentes perspectivas de forma, enquadramento e textura através das ilustrações.

MELHOR FOTOGRAFIA

Wilssa Esser por Infantaria (AL), de Laís Santos Araújo

Pela forma magistral com que a luz incide nas cenas e reforça a potência fantástica da narrativa.

MELHOR MONTAGEM

Gabriela Cunha por Mórula (RS), de Cristal Obelar e Gabriela Cunha

Pela sua construção estética por meio da montagem do filme ensaio, narrado em primeira pessoa, traduzindo a dor e denunciando a violência obstétrica, se apoderando do cinema como um espaço de “pôr para fora”, premiamos o filme Mórula, de Cristal Obelar e Gabriela Cunha, como melhor montagem. 

MELHOR SOM

Anderson Barros por Ewé de Òsányìn: o segredo das folhas (AL), de Pâmela Peregrino

Em uma produção desafiadora para a animação independente, Ewé de Òsányìn: o segredo das folhas, mobiliza o som para a construção de uma narrativa que celebra os encantados da floresta, marcando símbolos e códigos da afroreligiosidade e cultura negro brasileira em sua construção sonora. O prêmio de Melhor som vai para Ewé de Òsányìn: O segredo das folhas de Pamela Peregrino. 

MELHOR ATUAÇÃO

Valdinéia Soriano

Pela sua atuação majestosa em O ovo, de Rayane Teles, premiamos a atriz Valdinéia Soriano, que representa a partir de sua corporeidade vozes silenciadas de várias mulheres em relações de dominação masculina. Assumindo o seu poder feminino e protagonismo de sua própria vida.