Mostra Quilombo de Cinema Negro | Carta da Curadoria

Devemos fazer o nosso cinema. Como escreveu Beatriz Nascimento, “buscando nós mesmos, jogando nosso inconsciente, nossas frustrações, nossos complexos, estudando-os, não os enganando”. Partindo da necessidade de ressignificar a imagem dos pretos e pretas, a curadoria usa a voz da pensadora sergipana como os galhos verdes das curandeiras quilombolas. Os filmes escolhidos não homogenizam a “experiência vivida do negro”, mas ampliam suas subjetividades e possibilidades de imaginários. São obras que interseccionam formas cinematográficas e discursos políticos diversos, transitando por várias regiões do Brasil e revelando a potência dos olhares opositores do cinema contemporâneo.

A sessão virou a nossa primeira mostra e nós do Mirante Cineclube estamos na trincheira há quase três anos, disputando narrativas e fincando raízes na cena cultural alagoana. Esses filmes mostram que estamos num Brasil fragmentado mas polifônico, que busca subverter o formalismo, a objetividade, a naftalina e a repressão; contra qualquer tipo de censura. Fazendo o nosso, pois, voltando à Beatriz, “só assim poderemos nos entender e fazer-nos aceitar como somos”.

Janderson Felipe
Lucas Litrento
Roseane Monteiro
Curadoria

Maceió, 12 de novembro de 2019

Filmes:
– Angelita (Dir. Jéssica Conceição e Mare Gomes, AL)
– Baixa Funda, o Destino de um Povo (Dir: Marcello Sannyos; MG)
– Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (Dir. Leon Reis, CE)
– Escreva (Dir. Tuanny Medeiros, RJ)
– Estrela Solitária (Dir. Iwan Silva, SP)
– Hic (Diretor: Alexander S. Buck; ES)
– Looping (Dir. Maick Hander, MG)
– NEGRUM3 (Dir. Diego Paulino, SP)
– Notícias de São Paulo (Diretora: Priscila Nascimento; PE)
– O Fervo (Dir. Adriana Couto, SP)
– POR TRÁS DAS TINTAS (Dir. Alek Lean, RJ)
– Tempos Verbais (Dir. Ema Ribeiro, BA)

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