Primeiro Corujão do ano celebra bom momento do cinema alagoano

Ponto de encontro da cinefilia maceioense, o Corujão começa 2018 com uma edição atípica. Pela primeira vez em seus 10 anos de história o evento terá como principal atração o cinema feito em Alagoas. A banda arapiraquense Quiçaça, atualmente um dos grupos mais interessantes da música no estado, dará um tom ainda mais regional ao evento, que se encerra propondo um diálogo entre o cinema local e o biscoito fino da cinematografia internacional, com a exibição do estadunidense “Paterson”, de Jim Jarmusch. O filme foi um dos destaques do Festival de Cannes em 2016.

A escolha  pelo protagonismo da produção local reflete o bom momento vivido pelo cinema alagoano, cuja vitalidade foi reconhecida por críticos e curadores nacionais durante a última edição da Mostra Sururu, realizada em dezembro.

A safra de 2017 já vinha se destacando com presença em alguns dos mais relevantes festivais do cinema nacional, entre eles o Festival de Brasília, o Janela Internacional de Cinema de Recife e o Festival de Vitória. Com continuidade em 2018, com a seleção de um curta alagoano para a 21ª edição da a Mostra de Tiradentes que será realizada ainda em janeiro. Com seu caráter de panorama, a Mostra Sururu apresentou o conjunto dessa produção, unindo suas potencialidades e encantamentos.

O público teve a oportunidade de assistir demonstrações do amadurecimento técnico e artístico das produções, em filmes de ficção, documentário, e experimentais. Na programação do Corujão será exibido um recorte da programação da Sururu, com os seis filmes premiados pelos júris da mostra.:

“As Melhores Noites de Veroni”, de Ulisses Arthur; “Teresa”, de Nivaldo Vasconcelos, “Avalanche”, de Leandro Alves; “Trem Baiano”, de Robson Cavalcante e Claudemir Silva; “Furna dos Negros”, de Wlaydimir Lima, e “A Noite Estava Fria”, de Leonardo Amaral.

Ver esses filmes, além dos diversos outros títulos que chamaram atenção do público, foi marcante para quem vivenciou a competição.

A crítica de cinema e curadora Camila Vieira, que compôs o júri oficial da edição 2017 da mostra, manifestou o sentimento em sua página no Facebook. “Nos últimos cinco dias, ter participado da Mostra Sururu de Cinema Alagoano foi uma das experiências mais enriquecedoras durante todos esses anos de convívio com festivais de cinema no Brasil. Tive a oportunidade de conhecer um panorama da produção recente do cinema alagoano, que é bastante diversificada e tem força suficiente para ser mais reconhecida nacionalmente”, escreveu a jurada

Também composto pelo produtor João Paulo Procópio e pelo curador e idealizador Eduardo Valente, o júri escreveu uma declaração para expressar o impacto provocado pela programação da mostra.

“Em se tratando de um estado onde não existe sequer um curso de audiovisual ou cinema em nível universitário, e onde as políticas públicas de apoio ao setor ainda são frágeis e marcadas por incertezas e soluços, chama a atenção que o setor tenha atingido tamanha capacidade de articulação e afirmação, fazendo crer que a produção local tem tudo para se afirmar, em breve, como uma das mais interessantes dos próximos anos”, leu Eduardo Valente antes da divulgação dos prêmios.

Os jurados também se sensibilizaram com os atrasos nos pagamentos dos editais, drama comum ao segmento. “Claro que isso depende muito de que haja sensibilidade e vontade política para perceber a capacidade desse setor em projetar nacionalmente uma imagem de Alagoas que afirme as potencialidades criativas de uma cultura que tem tudo para combinar uma tradição secular com uma inquietação e sensibilidades totalmente contemporâneas, afirmando-se como uma voz essencial no espaço do audiovisual brasileiro”, completou o texto.

SOBRE A BANDA QUIÇAÇA

Esse grupo singular traz um ambiente sonoro voltado para a voz do mato seco e do Sertão. E, ainda a voz de quem não tem voz. O quinteto abusa – no bom sentido da semântica – de recursos estilísticos, em suas letras, e até em cima do palco, com um figurino adequado.

Recentemente, eles lançaram o EP “Jurema”, muito bem recebido pelo público e crítica, chegando a participar de festivais estaduais e disputar concursos de eventos internacionais com seu RRPP (reggae rural progressivo psicodélico).

Cena de Paterson de Jim Jarmusch.

SOBRE O LONGA “PATERSON”

Sinopse: Na cidade de Paterson, em Nova Jersey – EUA, Paterson (Adam Driver), um pacato motorista de ônibus local, vira um personagem conhecido por se destacar em uma arte diferente da condução de veículos: o rapaz é também um poeta.

 SOBRE OS FILMES DA SURURU

SINOPSES:

As Melhores Noites de Veroni
Ficção, 15m53s, 2017.
Direção: Ulisses Arthur.
Enquanto seu marido passa os dias na estrada, Veroni encontra nas noites uma forma de transcender e responder seus dilemas amorosos.

 

 

Teresa
Ficção, 19 min., 2017.
Direção: Nivaldo Vasconcelos
A vida de uma jovem Performer entra em conflito quando ela é convidada para interpretar Santa Teresa D’Ávila em um filme.

 

 

 

Avalanche
Ficção, 21min 19s, 2017.
Direção: Leandro Alves.
Interior do agreste alagoano. Uma família tem sua casa invadida por assaltantes . O incidente desestabiliza a todos, trazendo à tona instintos ancestrais em cada um deles.

 

 


Trem Baiano
Documentário, 28 min e 23 seg, 2016.
Direção: Robson Cavalcante e Claudemir Silva.
No ano de 1989, os moradores de Carcará, um pacato povoado localizado no sertão alagoano, veem-se agraciados pela assistência prestada por um condutor e seu curioso veículo: o Trem Baiano. Filmado em 2016, o documentário nos leva a um passeio pelo peculiar universo carcaraense, um mundo que, de tão estranho, parece-nos familiar. Uma metáfora para a esperança, a crença no desconhecido, Trem Baiano reflete sobre a obscura condição humana.

 

Furna dos Negros
Documentário, 26 minutos, 2017.
Direção: Wladymir Lima.
Tabacaria, em Palmeira dos Índios, é o primeiro quilombo de Alagoas a receber o título da terra, depois de uma longa batalha judicial. Hoje, 89 famílias ocupam 400 hectares no Planalto da Borborema, na mesma região que um dia já abrigou o mítico quilombo dos Palmares. Depois de anos vivendo em barracos de lona e madeira, o casal Gerson e Dominícia Paulino dos Santos foi o primeiro a conquistar as casas de alvenaria a que têm direito, como herdeiros legítimos da luta de Zumbi dos Palmares. E tudo começou a partir de uma pequena caverna, conhecida hoje como a Furna dos Negros.

 

A Noite Estava Fria
Ficção, 17min 51s, 2017
Direção: Leonardo A. Amorim
Bruno (João Vitor Marques) é um jovem do interior que lida com a solidão após se mudar para estudar na capital. Deposita suas inseguranças em Caio (Madson Melo), outro universitário que conheceu pela internet, mas que só ocasionalmente podem se encontrar, pois moram em cidades distintas.

 

SERVIÇO:

O quê: Corujão de Verão com os filmes premiados na Mostra Sururu
Onde e quando: No Centro Cultural Arte Pajuçara, este sábado, 06 de janeiro
Ingresso: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada)

Informações:
(82) 98882-8241
(82) 99135-8146 WhatsApp
(82) 3316-6000

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