
Texto: Malu Damásio
A partir dos destroços do Cine Teatro Guarany, Karolina Justino monta uma panorama cultural do que um dia foi Rio Largo. É por meio das histórias contadas que se percebe a importância de ter um lugar como o Cine Guarany na cidade. Pois, este lugar ultrapassou barreiras de um simples espaço de socialização, para os moradores era onde se experimentava o diferente, mediado pela ilusão do cinema.
Apesar disso, no decorrer do curta, o cinema se torna um coadjuvante. Portanto, o lugar físico passa a ser apenas uma representação do mundo sensível da memória. Quando, na verdade, os protagonistas são as lembranças que se recusaram a também virar ruínas. Os entrevistados narram com peso suas vivências, que interrompem o fluxo do tempo e não se permitem deteriorar. Pois, o patrimônio é vivo e se perpetua através de pessoas e do simples “lembrar”.
A construção dessa narrativa, bem roteirizada e atravessada por diálogos na perspectiva de quem testemunhou aquele cinema em sua plenitude, cria uma imersão tão profunda quanto qualquer resquício material do lugar. É dessa forma que se entende a profunda saudade do que o tempo levou e a necessidade de revisitar o passado, seja por meio das lembranças ou da reconstrução simbólica do que um dia existiu.
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