Texto: Acassia Deliê. Fotos: Divulgação.
O projeto que começou tímido em 2017, nas escolas ao redor do Arte Pajuçara, ganhou fôlego em 2018 e chegou em 2019 com recorde de público na capital e no interior do estado. No ano em que a Mostra Sururu completa uma década de resistência, sua versão itinerante levou mais de 1700 pessoas a exibições organizadas em Maceió e outros seis municípios. Um marco histórico: nosso audiovisual levado aos quatro extremos de Alagoas.
Para muitos alagoanos, foi o primeiro contato com o cinema. Para outros, foi a consciência de que existe cinema em Alagoas. “Foi um momento em que parei para assistir a filmes que retratam a cultura local, produzidos por gente dessa terra”, conta o estudante Manoel Messias dos Santos, de 21 anos, da Uneal (Universidade Estadual de Alagoas) em Santana do Ipanema, um dos seis campi da instituição que receberam a Sururu Itinerante.
“O que mais gostei foi da intenção de levar o cinema a localidades que não têm esse acesso, trazendo às pessoas diversas produções de gêneros distintos, com foco no nosso povo. Foi um momento muito rico e que deve ser propagado para mais pessoas”, diz Manoel.
Além da Uneal, a mostra itinerante contou com outros parceiros importantes para existir. Em São Miguel dos Milagres, por exemplo, foi graças ao trabalho do Instituto Yandê que o audiovisual chegou ao município em 2019. As crianças que frequentam o instituto, familiares, parceiros do grupo e moradores dos povoados de Porto da Rua e Toque compareceram à sessão e se envolveram com os filmes.
“Para eles, vislumbrar outras realidades, como na exibição do documentário sobre rappers alagoanos, conhecer os problemas sociais que estes artistas enfrentam e como transformam essas experiências em música, levou-os a um envolvimento grandioso”, relata Mariana Silva, associada ao Yandê. “Durante o debate, ao entender que todas as obras foram produzidas em Alagoas e que os realizadores estão tão perto de nós quanto tudo o que inspira as criações, o público foi estimulado a buscar mais conhecimento sobre o audiovisual alagoano. O que de mais grandioso a mostra Sururu trouxe: o poder do cinema de ensinar, fazer pensar, fazer sonhar e nos transportar para tantas vidas e lugares sem sair do lugar”.
E se foi emocionante para quem assistiu, não foi diferente para quem organizou as exibições. O cansaço ao final de cada viagem, de cada sessão e de cada debate reflete a satisfação de um propósito cumprido, como diz a realizadora Renah Berindelli, uma das responsáveis pela Sururu Itinerante em 2019.
“Foi extremamente emocionante levar a itinerância para o interior, apresentar o audiovisual alagoano para pessoas que muitas das vezes nunca nem foram ao cinema, poder ver o brilho dos olhos. E dialogar com o público sobre suas sensações, ao final das sessões, nos faz ter cada vez mais certeza e vontade de que temos que continuar essa missão de levar as produções audiovisuais alagoanas para cada vez mais espaços”.
A Mostra Sururu de Cinema Alagoano – Edição de 10 Anos, cuja competição oficial acontece entre os dias 10 e 15 de dezembro no Arte Pajuçara, é uma realização do Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano e conta com produção do Saudáveis Subversivos, com patrocínio da Prefeitura de Maceió, da Algás (por meio do Prêmio Algás Social), e do Sebrae Alagoas. O evento conta com as parcerias do Centro Cultural Arte Pajuçara, do site Alagoar, do Mirante Cineclube, da Casa Sede e da Escola Técnica de Artes da Ufal. Além do apoio cultural da Universidade Estadual de Alagoas.
MAPA DA ITINERÂNCIA 2019
Na capital: Vergel do Lago, Pontal da Barra, Serraria e Farol.
No interior: Arapiraca, Teotônio Vilela, Delmiro Gouveia, Marechal Deodoro, Penedo, União dos Palmares, Palmeira do Índios, São Miguel dos Campos, Santana do Ipanema e São Miguel dos Milagres.
SERVIÇO:
O quê: Mostra Sururu de Cinema Alagoano – Edição comemorativa de 10 anos
Onde e quando: De 10 a 15 de dezembro, no Centro Cultural Arte Pajuçara, às 19h
Entrada franca
Informações: mostrasururu.com.br
Leave a Reply