Estava ansiosa pelo início da VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano, que teve início na quinta (14/12). Parte da ansiedade também tinha origem na curiosidade de conhecer Cadê minha casa que estava sempre aqui?, de Renata Baracho, um dos quatro filmes entre os dirigidos por mulheres dentro da programação da Mostra, que também conta com dois filmes de direção coletiva e dezoito filmes dirigidos por homens.
Renata apresenta o lugar onde morou através de uma conversa com seus irmãos enquanto visitava as casas em que habitou. Ao apresentar os cômodos, objetos e a si mesma em recortes e costuras de imagens enquadradas entre planos abertos, médios e detalhes, Renata constrói um poesia visual encadeada pelo áudio da conversa em que ela e seus irmãos relembram sobre as vivências e sentimentos que os conectam entre si e àquele lugar.
Os planos fixos constroem um passeio entre as casas, em que vamos conhecendo cada cômodo enquanto vamos ouvindo as memórias de Renata, Bruno e Eduardo, sobre a infância, sobre como eles sentiam habitar ali e o que ele ainda sentem ao retornar naquele lugar. O lugar a que faço referência é composto pelas memórias que eles juntos constroem a partir da casa, um lugar que vivenciamos no filme.
A diretora nos convida a habitar aquela casa (ou aquelas duas casas), e a seguimos mesmo sem ver os seus passos. Podendo imaginar ela e seus irmãos pequenos e a forma como sentiam o residir e o brincar, assim como observar eles adultos enquadrados pelas câmeras ao redor da mesa enquanto folheiam os álbuns de fotografias.
Cadê minha casa que estava sempre aqui? é o segundo filme dirigido por Renata, que estreou na direção em 2015 na VI Mostra Sururu de Cinema Alagoano com a ficção Para Ouvir, onde já demonstrando seu olhar atento para construir belos enquadramentos. Tem no currículo trabalhos com making of, assistência e direção de fotografia em vários filmes alagoanos.
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