Texto: Rosana Dias*. Foto: Amanda Bambu.
Convidamos Rosana Dias* a apresentar uma curadoria de filmes alagoanos, compartilhamos sua curadoria abaixo com os dez filmes indicados. Caso tenha interesse em mandar a sua curadoria com até dez filmes e/ou videoclipes, veja mais informações, entre em contato pelo e-mail audiovisualagoas@gmail.com
Geração Z Rural: Produzido em 2014, em Geração Z, Mel Vasconcelos, diretora nos mostra a rotina de jovens moradores e moradoras da zona rural e o acesso à internet, bem como de suas interatividades nas redes sociais, a proposta de videografismo, feito por Hebert Cohn, dá uma dinâmica ao filme.
Rua das Árvores: Com direção e fotografia de Alice Jardim, Rua das árvores é um convite à contemplação do ruir, do que está por ruir. Um recorte do que foi e do que é a rua Augusta, localizada no Centro de Maceió, e mais conhecida por Rua das árvores. Cada fotografia da casa localizada nesta rua, é como se repousássemos o olhar sobre as memórias contadas por dona Creusa.
O Juremeiro de Xangô: O documentário fala sobre o Mestre da Jurema, Pai Alex de Xangô, da infância à idade adulta, mostrando o contato com os seres encantados. Filme com direção de Arilene de Castro.
O que lembro, tenho: Filme dirigido por Rafhael Barbosa. Quais são as memórias que carregamos? E quando somos carregados por estas memórias? A idosa Maria e sua filha Joana, que antes viviam no interior de Alagoas, passam a viver na cidade – zona urbana, as trocas de cuidados são mostradas na tela, da mãe que cuidava dos filhos até a filha que passa a cuidar de sua mãe. O tempo, o interior, o interior de uma casa, o interior de uma mente, de uma lembrança. Rafhael Barbosa nos convida à sala, a estar nas lembranças dessas duas mulheres, com memórias que aos poucos vão se fragmentando.
Avalanche: Uma ficção dirigida por Leandro Alves, em Avalanche temos uma família residente no agreste alagoano, os jovens e seus anseios, mas temos também a violência que se faz cada vez mais presente no interior de Alagoas. Leandro aborda questões sociais pertinentes, o filme tem uma potente direção, direção de fotografia e trilha sonora.
Mwany: Em Mwany, Nivaldo Vasconcelos nos convida a conhecer o dia-a-dia de Sónia André e sua filha Thandy da Conceição. A poética da dança, da mulher, da negritude, de uma terra estrangeira, de dialetos.
Eu me preocupo: O filme tem direção de Paulo Silver, uma ficção que retrata a relação de Paulo e sua mãe Jande Silver, mostrando-nos os modos de relações dessa família formada por duas pessoas. A ausência e uma presença. A trilha sonora é uma delicadeza assim como a relação desses personagens.
Salão dos Artistas: No agreste Alagoano tem um salão, o Salão dos Artistas, que além de fazer barba, bigode e cabelo, seu Cecílio também afina sanfonas, esse mestre conta a sua história, e seus amigos nos apresentam ao mestre que os recebe em seu salão, nesse curta com direção coletiva.
Trem Baiano: O documentário com direção de Robson Cavalcante e Claudemir Silva documenta os relatos dos moradores da pacata cidade de Carcará, localizada no sertão alagoano. O filme nos leva para uma cidade, que poderia ser a minha ou a sua, mas com algumas peculiaridades, um motorista e seu transporte. Com efeito o roteiro foi muito bem elaborado, Robson e Claudemir ousaram.
Wonderfull – meu eu em mim: Um documentário sobre Natasha Wonderfull, com direção de Dário Júnior, que nos apresenta Natasha, uma transexual, que relata um pouco sobre suas vivências, família, viagens e emprego. Quando assisti a este filme, somente na segunda sessão vista, me acometi de uma crise de choro, lembrei das trans que já tinha ouvido falar desde a minha infância e adolescência, das lutas pelas quais elas passavam e ainda enfrentam numa sociedade altamente machista e transfóbica.
*Rosana Dias é Produtora e Gestora Cultural. Nasceu em Maceió, mas atualmente mora em Arapiraca, cidade do agreste alagoano.
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