Texto: Assessoria da Núcleo Zero. Imagens: Divulgação (destaque) e Vanessa Mota.
Com uma recepção calorosa do público e da imprensa especializada, o longa-metragem alagoano “Cavalo” iniciou sua carreira na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro de 2020, e desde então tem despertado expectativa para as suas próximas exibições.
No mês de agosto, o público terá a oportunidade de ver o filme gratuitamente na seleção oficial do 4º Festival ECRÃ de Experimentações Audiovisuais, ao lado de mais de 100 obras de todo o mundo. O festival é uma vitrine para as diversas expressões do audiovisual contemporâneo, com filmes, instalações, performances e experimentações em realidade virtual e outras tecnologias. “Cavalo” estará disponível online entre os dias 20 e 30 de agosto, por meio do endereço www.festivalecra.com.br .
O longa também será exibido online no CIndie Festival (24 de setembro a 03 de outubro) e na Mostra Olhares Brasil do 9º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba (7 a 15 de outubro). “Cavalo” ainda fará parte da programação especial de longas-metragens do 10º Circuito Penedo de Cinema, em novembro. Em paralelo às exibições no Brasil, o filme será visto em festivais internacionais como o Mímesis Documentary Festival, realizado em agosto no Colorado EUA, e no Festival Latinoamericano de Cine de Quito, FLACQ, evento que foi adiado para 2021.
Contemplado no Prêmio Guilherme Rogato, da prefeitura de Maceió, e contando com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA para sua realização, “Cavalo” é o primeiro longa-metragem fomentado por um edital público em Alagoas, o que representa um marco para a política cultural do estado.
Com direção de Rafhael Barbosa (“O que Lembro,Tenho”) e Werner Salles Bagetti (“Exu – Além do Bem e do Mal”), o filme utiliza uma linguagem híbrida, entre a ficção, o documentário e a experimentação, para falar sobre a memória da ancestralidade no corpo.
“Desde Exu (2012), temos desenvolvido um projeto artístico que se relaciona com os arquétipos dos orixás e das entidades. Uma pesquisa de oito anos que influenciou na concepção do nosso primeiro longa. Também estávamos estudando a história do Quilombo dos Palmares, uma das maiores narrativas de resistência do mundo, quando entendemos que seria instigante investigar os ecos desse passado em nossa contemporaneidade. A ancestralidade foi o caminho encontrado para expressar essa busca”, explica Rafhael Barbosa, responsável pelo roteiro e direção do filme, ao lado de Werner Salles.
“Escolhemos o corpo como signo mais proeminente do filme. Nossas personagens são sete jovens artistas alagoanos, rappers, Bboys e Bgirls, dançarinos e dançarinas de diferentes gêneros. E alguns deles são cavalos (como são chamados os médiuns na Umbanda e no Candomblé), condição que potencializa a capacidade de expressão corporal”, completa Werner.
“O contato com as histórias das personagens transformou o roteiro do filme. Nas audições, fomos confrontados com relatos muito ricos, histórias poderosas. Enxergamos nessas sete trajetórias elementos que se complementaram para criar uma só narrativa”, diz Rafhael Barbosa.
Compõem o elenco de protagonistas Alexandrea Constantino, Evez Roc, Joelma Ferreira, Leide Serafim Olodum, Leonardo Doullennerr, Roberto Maxwell e Sara de Oliveira. O grupo foi selecionado após um teste de elenco, e passou a conviver num intenso processo de preparação. Uma imersão artística que é mostrada no filme como um de seus eixos narrativos.
Num processo de criação em coautoria, os personagens foram provocados a construir performances inspiradas pelo arquétipo do cavalo e suas muitas simbologias.
Para Werner Salles, o filme também é um mergulho nas possibilidades do inconsciente. “Cavalo também é um arquétipo do inconsciente, uma metáfora do corpo, da força, da psique. E o filme dialoga diretamente com essas questões. A intuição foi o guia, não só nas performances das personagens, mas desde a concepção até a montagem final. Somos todos cavalos nesse processo”, explica o diretor.
Segundo os diretores, apesar da linguagem provocadora, “Cavalo” tem potencial para alcançar uma trajetória popular.
“O filme não tem uma narrativa clássica. Seguimos o caminho do cinema de poesia, mas sempre com uma vontade de nos conectarmos com o público por meio da sensibilidade. Num momento em que a intolerância religiosa e os diversos preconceitos avançam de maneira preocupante no país, ‘Cavalo’ é um grito poético que deve reverberar”, diz Rafhael.
Serviço:
O quê: Exibição online do longa-metragem “Cavalo” no 4º Festival ECRÃ de Experimentações Audiovisuais
Onde e quando: de 20 a 30 de agosto, pelo endereço www.festivalecra.com.br
Acesso gratuíto
Mais informações: @cavalo_filme (instagram)
Uma experiência intensa em processo que pode agora ser vivenciada em forma de filme, assistido pela web. Espero que em breve também em telonas. Torço pela oportunidade de, após um rolê pela Pajuçara, adentrar no Cine Arte para assistir essa obra, na companhia de amigos queridos. Acredito também que este processo criativo de Cavalo continue gerando novos frutos em outros suportes, expandindo-se em transcinemas e work in process.