Crítica: Meu Lugar (dir. Larissa Lisboa)

Texto: Cleber Pereira. Revisão: Leonardo Amaral

Na poltrona dos afetos

A fotografia sempre registrou os momentos especiais das pessoas, suas comemorações e instantes mais importantes. Com a popularização das câmeras digitais, esses encontros puderam ser amplificados para além das recordações particulares. Em Meu Lugar (Larissa Lisboa, 2020), Larissa abre o coração e as portas de sua casa àqueles que ama, dando significado ímpar ao dia de seu aniversário.

Protagonista de sua própria história, a diretora entende que o lugar onde vive deixa de ser um vão ocupado, uma mudança geográfica de um bairro a outro, e passa a se tornar um lar. Lar é onde o amor transita e habita. Sendo assim, Larissa incorpora aos seus dias os espaços, vivências, lembranças e encontros: uma entrevista na sala, uma filmagem noutro cômodo, fotografias outrora tiradas na área externa, onde há vida. Tudo é emocional e significativo em Meu Lugar, desde as lembranças às falas que refletem carinho e intimidade entre todos no curta.

Transformar sua festa e sua emoção em cinema diz muito da relação entre Larissa e o audiovisual, entre ela e seus processos pessoais, entre a imagem que tem de si e o reflexo dela nos sorrisos que a cercam. A câmera registra a fotografia – que agora é filme – como num cinema, com todos sentados numa grande poltrona de afetos e amor.

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