Crítica: Meu Nome é Gal (dir: Dandara Ferreira e Lô Politi)

Por Jonathas Alves. Revisão: José Cleisson

Uma Jornada Musical e Feminina no Cinema.

Meu Nome é Gal é um longa-metragem dirigido por duas mulheres, Dandara Ferreira e Lô Politi, o que acrescenta uma camada significativa à narrativa. Gal Costa, uma figura icônica de rebeldia feminina, merece que sua história seja retratada por uma perspectiva feminina na direção.

Assim como muitos outros, eu estava ansiosamente aguardando uma biografia completa de Gal Costa, no entanto, o filme se concentra principalmente nas décadas de 60 e 70, que representaram os anos mais ousados na carreira da artista. A narrativa segue sua jornada desde o lançamento do seu álbum de estreia, “Domingo”, até o impactante “Fatal”, que, na minha opinião, marca o auge de sua carreira. O filme retrata de forma notável esses dois períodos cruciais na vida de Gal. Inclusive, as cenas do show “Fatal” são emocionantes, porque proporciona aos fãs que não viveram naquela época a oportunidade de experienciar esse momento. além de ser considerada a escassez de registros desse evento devido a um trágico incêndio no Museu Nacional.

O longa-metragem brinda o público com uma atuação incrível de Sophie Charlotte no papel de Gal Costa. Ela oferece uma interpretação espetacular, capturando de maneira impressionante todos os trejeitos da cantora. Além disso, o elenco como um todo brilhou, com atores que evocavam vividamente a energia dos “Doces Bárbaros”. Rodrigo Lelis, no papel de Caetano Veloso, desempenha um papel significativo no filme, o que é fundamental, considerando a importância de Caetano na trajetória musical da artista.

O figurino do longa foi excepcionalmente elaborado. Embora alguns possam achá-lo um tanto exagerado, os trajes do movimento tropicalista eram naturalmente extravagantes. Em uma cena que mostra Gal Costa no 4º Festival de MPB em 1968, o figurino usado por Sophie Charlotte é uma reprodução fiel do original, tornando essa cena uma das mais impressionantes.

Uma faceta intrigante do filme são os flashbacks que revelam os momentos de apreensão durante o regime da ditadura militar. Isso se torna fundamental, uma vez que esse período histórico foi marcado por uma repressão intensa em todos os campos da sociedade, principalmente no meio cultural, e qualquer obra que se passa nessa época deve abordar esse tema crucial. Diante disso, a maior carga de tensão no filme está associada diretamente a esse período.

Por fim, o longa-metragem é uma obra de excelência que consegue plenamente cumprir seus objetivos. Embora possa deixar a desejar para aqueles que esperavam uma narrativa abrangente sobre a carreira de uma das maiores vozes da MPB, ele oferece um retrato impactante de duas décadas fundamentais em sua jornada. Assistir esse filme biográfico no cinema foi uma experiência emocionante para mim. Como grande fã, ver parte de sua história na telona foi incrivelmente marcante, reforçando ainda mais minha admiração por essa talentosa artista. Cada cena parecia uma viagem através de sua jornada musical e de vida, proporcionando uma conexão mais profunda com sua arte e personalidade única. Fiquei tocado pela representação cinematográfica da maior artista da música brasileira.  Minha única objeção, diz respeito à duração relativamente curta do filme, com apenas 1 hora e 30 minutos. O longa-metragem é deslumbrante e encantador, e saí da sala de cinema desejando ter tido mais tempo para apreciá-lo. A sensação de querer mais ficou comigo, e a ideia de uma continuação seria simplesmente maravilhosa.

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