Texto: Ágatha Salcedo*. Foto: Acervo Pessoal.
Trago aqui uma proposta-curadoria composta por 10 filmes, todos protagonizados por mulheres, sejam documentários ou ficção. Julgo que todas as dez produções agregam qualidade estética e conteúdo.
Subversiva, separei minhas indicações em cinco pares, por perceber a possibilidade de diálogo entre cada uma das duplas, e por acreditar que assim ficam mais amarrados os eixos propostos [para reflexão]. Pois sim, faço parte do grupo que acredita que a arte serve [também] para cutucar, inquietar, tirar da zona de conforto e propor o novo.
Salvaguardada pelas máximas de que a arte ultrapassa a intenção do artista e que uma obra só é finalizada quando chega ao público, eis meu olhar e algumas [possíveis] apresentações.
A quem interessar, fica a possibilidade de assisti-los na ordem sugerida ou de acordo com o caminho que mais lhe pareça agradável. Bom trajeto.
A singeleza da singeleza (1) e Marinete (2): a mão feminina que trabalha, tece, borda e sustenta memórias e famílias.
Ela (3) e Rua das árvores (4): Ela salta da fotografia e também de dentro de quem a desvela. Olhar para a outra e verbalizar o que ecoa dentro, às vezes. D. Creusa e Alice, memória e olhar conduzindo juntos a história de uma mulher e uma casa prestes a ser demolida. A esfera doméstica não basta,
Geração Z Rural (5) e Bendita (6): Em ambos: o desencaixe e a sede pelo mundo onde tudo parece acontecer. Personas criadas para fazer parte do mundo da capital, da cidade grande. Necessidade de estar conectada ao mundo e ser considerada perfeita. “Qual é seu apelido? Côca. Como está na internet? Pathy, é mais cidade”.
Eu etiqueta (7) e Criatura (8): O flerte do audiovisual com outras linguagens. No primeiro, com Drummond e ironia, foram desenhadas as amarras impostas, os padrões estabelecidos, que padroniza condutas e gera frustração. No segundo, a Criatura que se reconhece, tomando para si a autonomia do corpo, se libertando… e por fim: saindo do quadro que a prende.
Ruan (9) e Noturna (10): Mulheres trans e travestis, suas inquietações no caminho da construção de si e na afirmação de suas identidades femininas. Desconstrução do binário.
*Ágatha Salcedo é cientista social. Mestra em Literatura, Cultura e Sociedade. Tem como foco de suas pesquisas as relações de gênero na contemporaneidade.
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