Artur Finizola indica

Texto: Artur Finizola*

Artur Finizola, DJ, produtor cultural e designer digital, é o quarto colaborador da série de curadorias do Audiovisual Alagoas. O artista indicou produções locais que, na sua opinião, contribuem para a desconstrução da intolerância religiosa e, não por coincidência, escolhemos publicar a sua curadoria neste 8 de dezembro, dia de Iemanjá.

“Creio que, no momento atual, de apedrejamentos de praticantes e depreciações de templos, essas produções são importantes fontes de informação para ajudar a desmistificar um tanto de coisas. Quero apenas despertar um olhar mais atento, quem sabe até um sentimento, para as tradições e para a beleza na diversidade que brota nas manifestações da fé dos homens e mulheres das várias ‘tribos’ desta grande ‘paróquia’, deste lindo ‘terreiro’ que vivemos”, comenta Artur, que indica os seguintes filmes:

Rainha – Mostra uma particularidade da tradição religiosa do bairro do Riacho Doce, que circula em torno da padroeira do bairro, Nossa Senhora da Conceição, “Rainha dos Céus, dos Mares e das Florestas”, acompanhando cultos do Candomblé na Casa de Oxum, do Santo Daime na Igreja Céu das Águas e da Igreja Católica na Igreja Nossa Senhora da Conceição. Direção Coletiva.

Navegantes – Acompanha dois dias de demonstrações de folia e fé durante os festejos em louvor ao Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes, que acontece anualmente em Penedo-AL. A procissão fluvial pelas águas do “Velho Chico” e a missa campal reúnem um grande número de fiéis por Pedro da Rocha.

Fandango do Pontal da Barra – Aborda os diversos discursos históricos, contrapondo opiniões divergentes, analisando a importância do folguedo para comunidade do Pontal da Barra, apresentado por personagens como: mestre, contra mestre e moradores do bairro, expondo opiniões diferentes sobre o tema por Glécio Rodrigues. Os depoimentos foram tomados tendo como cenário o bairro do pontal.

Xangô Rezado Alto – Registro do projeto que celebra a memória do “Quebra dos Xangôs de 1912” realizado pela UNEAL, por Henrique Oliveira.

Ponto das Ervas – Sobre o médium e raizeiro Prof. Oliveira em seu estabelecimento comercial no Mercado Público, um complexo de consultório, farmácia e laboratório, por Celso Brandão.

Gira de Tradição – Registro do pensamento das pessoas que fazem esta gira acontecer, da memória e do desenvolvimento das casas religiosas de matriz africana, por Glauber Xavier.

Orixás – Documentário animação que desvenda o mistério da criação do mundo segundo a mitologia africana, por Andrey Melo.

1912 – O Quebra de Xangô – Em Maceió, em 1º de fevereiro de 1912, a intolerância racial e religiosa parece ter atingido um dos seus níveis mais violentos, por Siloé Amorim.

Exu – Além do bem e do mal – Legba, Bará, Eleguá, Tranca-rua, diabo, capeta… Exu é um dos orixás mais controversos da cultura afro. Interpretado muitas vezes como o diabo pelo catolicismo é constantemente associado ao mal em diversas leituras, até mesmo por alguns autores umbandistas do passado. Porém, o significado do mito Exu, tanto para a Umbanda, quanto para o Candomblé, vai muito além de tudo isso, por Werner Salles Bagetti.

“Se pararmos para curiar só mais um pouco, vamos perceber que existe um flerte sincero entre as narrativas trazidas em cada um desses documentários. Por exemplo: podemos perceber que o bailado do Santo Daime, mostrado lá em ‘Rainha’, é bem parecido com os marujos brincando no ‘Fandango no pontal da Barra’, que também são ‘Navegantes’ e navegam nas águas doces ou salgadas, representadas como forças da natureza por alguns ‘Orixás'”, conclui.

Gostou da curadoria de Artur Finizola? Clique aqui e acompanhe a série!

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