Cobertura: Avá – Até que os Ventos Aterrem (dir. Camila Mota)

Texto: Rosana Dias. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Olhos Livres | 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes – 27/01

De volta ao centro da Terra – Avá –  Até que os Ventos Aterrem (SP)

O longa metragem de Camila Mota, atriz e diretora da companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, Avá – Até que os Ventos Aterrem, contém filmagens realizadas no Teatro Oficina, é uma produção marcada por ATOS e com dramaturgia de Cafira Zoé, baseada no conto de ficção cósmica Notícias do Centro da Terra, aborda o campo da tragédia, desastres e desequilíbrios na natureza e as consequências da mão do homem na política. 

Primeiramente temos uma ação performática: A Gaivota (Joana Medeiros) e o Poeta Encapsulado Intergaláctico (Cafira Zoé), há também na jornada dessa encruzilhada três feiticeiras, que são elas: o Centro da Terra (Carmen Silva), Camarada Catástrofe (Vera Barreto Leite) e o Olho do Mato (Sonia Barbosa Ara Mirim). E a construção de críticas sociais com imagens em preto e branco, coloridas, de animais marinhos, natureza-morte-vida, fazendo um percurso entre o meio ambiente e construções, o concreto, a evolução destruidora, o capital que tudo manipula.

Temos o fator revolução, dado tanto por meio da imagem de Cuba, quanto pelo sagrado, as matas, a Jurema, a necessidade de outra concretude, a renovação da mãe natureza como a grande mentora de todos os tempos, a inspiradora da obra. O desejo da humanidade de ir além, sem maltratar o todo, o planeta Terra. Não se trata de fugir do planeta na busca de outro para exploração, mas sim de voltar-se para a reconstrução do que temos. As notícias mais estarrecedoras acerca da política no Brasil e a pandemia causada pelo vírus da COVID-19 são lidas pela Gaivota. 

O filme por seu modo diferenciado em sua realização nos causa um estranhamento, algo que nos inquieta. Pois se trata da gravação de um espetáculo dando lugar a um filme experimental. Camila também fez uso de projeções para ambientação cênica.  O Teatro Oficina Uzyna Uzona tem atuado no Brasil há mais de 60 anos. 

Acompanhe a 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes on-line pelo site.

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