Texto: Rosana Dias. Revisão: Larissa Lisboa.
14ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano – 10 de dezembro de 2023
O último dia da Mostra Sururu de Cinema Alagoano geralmente é marcado tendo comes e bebes com o alimento que dá nome à Mostra, mas nessa 14ª edição foi diferente, não foi servido o caldinho de Sururu, não há como nos servirmos de um alimento que é retirado das lagoas, moradores da Lagoa Mundaú sofrem com o crime ambiental causado pela extração de sal-gema pela Braskem. E neste domingo, dia 10 de dezembro de 2023, houve o rompimento da Mina 18 que fica localizada no bairro Mutange.
A Sessão Especial foi conduzida pelo mestre de cerimônias, o professor e realizador audiovisual, Nilton Resende, na qual foi realizada uma homenagem aos pescadores e marisqueiras com a performance do jornalista e músico Mauro Fabiani; o coordenador do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, Cássio Araújo, subiu ao palco para uma fala sobre as vítimas da Braskem, e a equipe de produção da Mostra Sururu se juntou com um cartaz expressando seu apoio aos vitimados pelo crime ambiental cometido pela Braskem em Alagoas.
A sessão seguiu, e teve como personagem homenageado da Mostra deste ano o artista multimídia Werner Salles Bagetti – “História Brasileira da Infâmia” (2005), “Interiores ou 400 anos de solidão” (2012), “EXU – além do Bem e do Mal” (2012), “CAVALO” (2020) –, com exibição especial de seu documentário “Imagem Peninsular de Lêdo Ivo” (2004); e um vídeo produzido especialmente pela equipe da Mostra com entrevistas de familiares e amigos de Werner.
Os premiados da noite receberam o troféu confeccionado pelo artista visual de Limoeiro de Anadia, Jackson Lima, – tendo como representação uma marisqueira transfigurada em orixá que segura uma câmera em uma das mãos. As premiações foram: Júri Popular Melhor videoclipe – “Vermelho”, de Flora; e Melhor Filme “Luz, Câmera, Produção”, de Adriana Manolio e Charles Northrup; Júri do Laboratório de Crítica com o Prêmio Olhar Crítico concedido para “Dentro de Mim”, de Dayane Teles; Júri do Laboratório de Atuação concedeu o Prêmio de Atuação Anita das Neves para Beth Miranda, de “Luz, Câmera, Produção”; Prêmio Permear de Acessibilidade para “Cabocla”, de Dário Jr.; Menção Honrosa concedida pelo Júri Oficial para “Cultura Ballroom: A Arte da Resistência”, de Glendha Melissa; Prêmio de Distribuição Tarrafa Produtora para “O Canto”, de Isa Magalhaes e Izabella Vitório, Prêmio de Melhor Som para “O Canto”, de Isa Magalhães e Izabella Vitório, com Direção musical, som direto, desenho de som e mixagem de Janu; Prêmio de Melhor Montagem para “Retratos da Nossa Cor”, de Carlos Alberto Barros; Prêmio de Melhor Atuação para Fênix de “Retratos da Nossa Cor”; Prêmio de Melhor Direção de Arte para “O Canto”, de Isa Magalhães e Izabella Vitório; Prêmio de Melhor Direção de Fotografia para “Sargaço”, de Yuri Melo, Prêmio de Melhor Roteiro concedido para “Queima Minha Pele” de Leonardo Amorim, Prêmio de Melhor Direção para Retratos da Nossa Cor”, de Carlos Alberto Barros; e Prêmio de Melhor Filme para “Retratos da Nossa Cor”, de Carlos Alberto Barros.
Vale salientar que mais da metade dos filmes exibidos este ano na Mostra Sururu foram de diretoras mulheres, tivemos acessibilidade com Intérpretes de libras em todas as sessões. As artes foram produzidas por artistas locais por meio de convocação.
Nossas produções estão carregadas de nossas digitais, nossos olhares, nossas indagações, mas isso não faz delas algo melhor, diante de outros olhares, cores ou inquietações. E o que ainda resta é termos nossas referências, acessá-las e diluirmos em nosso fazer. Pois, fazer Cinema em Alagoas é tarefa árdua, fazer cinema no interior de Alagoas é destemer o árduo ofício. Termos uma Mostra que contempla esses cinemas, porque sim, há suas diversidades, é abrir espaço para acessarmos essas multiplicidades e reconhecermos as possibilidades do Fazer Cinema.
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