Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. Imagens: Circuito Penedo de Cinema - Nathália Bezerra e divulgação
O último dia da 11ª edição do Circuito Penedo de Cinema foi marcado por sessões de filmes ao longo do dia, inauguração do Centro de Convenções da cidade, premiação das mostras competitivas e mais uma novidade que será revelada ao longo do texto. O evento sediado na Praça 12 de abril é certamente um dos mais esperados pela população penedense e pelos artistas que fazem parte da cultura local, não nos cabe aqui exigir perfeição, mas durante todo o evento foram vistas falhas mesmo que orgânicas, infelizmente elas existiram.
Pode-se recordar que devido a pandemia do novo coronavírus, desde o ano passado, o circuito adotou o formato híbrido tanto para a realização das mostras, quanto para debates, mesas, oficinas e afins. O grande problema foi a dificuldade em saber quando as ações aconteceriam, e se de fato transcorreriam no momento marcado na programação do evento. Imprevistos acontecem. Mas aconteceram imprevistos todos os dias? É difícil mensurar. De fato, apesar das modificações de horário, o circuito conseguiu entregar durante os sete dias do evento, uma programação extensa, com filmes infantis exibidos online e mostras competitivas de forma presencial.
PREMIAÇÃO
O 11º Festival do Cinema Universitário Alagoano contou em sua programação com 12 filmes de diversos Estados, e apenas um de Alagoas. O curta que representou o estado na mostra foi Rua Humberto Lopes: a rachadura de uma comunidade, dirigido por Mark Nascimento, os outros filmes participantes no formato documentário, ficção e animação foram: Grand Canyon (MG), Elos da Matriarca (PE), Azul Piscina (RJ), Os dias depois (RJ), Um Certo Mal- Estar (PE), Praia dos tempos (BA), 1325 quilômetros 227 dias (RJ), Reconexões (SE), Quarta: dia de jogo (RJ), Quarentena pra quem? (SP) que foi escolhido como Melhor Filme pelo Júri Oficial, O andar de cima (SP) – recebeu a menção honrosa da mostra e Miado (SP) com prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular.
Dentre os filmes do 14° Festival do Cinema Brasileiro tivemos Subsidência, filme dos alagoanos Beatriz Vilela e Marcus José de Souza, também único filme alagoano selecionado para a mostra. Os vencedores desta edição do Festival foram As vezes que não estou lá (PE) que garantiu o prêmio dos votos de ju?ri popular, Inabitável (PE) foi o consagrado pelo ju?ri oficial. E por fim, a curadoria fez menção honrosa ao filme A beleza de Rose (CE).
O curta mineiro O vazio que atravessa foi o vencedor pelo júri popular da 8ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental. A mostra foi composta por filmes experimentais, animação e ficção-suspensão. O curta Serrado (GO) levou o prêmio como Melhor Filme pelo Júri Oficial. A menção honrosa foi recebida pelo filme Tapajós: uma breve história de transformação de um rio (DF).
Além das mostras competitivas e infantil, o circuito teve a participação especial, na penúltima noite do evento, da Mostra Sururu de Cinema Alagoano que exibiu quatro filmes produzidos no estado. Círculos (dir. Lucas Litrento), À espera de um milagre (dir. Géssika Costa e Vitor Beltrão), Encanto Desencanto Encanto (dir.Ulisses Arthur) e Visão das Grotas (dir.Agnes Vitória, Ewelyn Lourenço, Josias Brito, Letícia Cabral, Mariana Alves, Maysa Reis, Rafaela Oliveira, Tauan Santos e Wallison Fidelis)
O circuito também contou com a exibição dos longa-metragens brasileiros, Fim de Festa (dir. Hilton Lacerda), Marighella (dir. Wagner Moura), Cavalo (dir. Raphael Barbosa e Werner Salles), O silêncio da chuva (dir. Daniel Filho), Doutor Gama (dir. Jeferson De) e do curta metragem convidado, Nazo – Dia e noite Maria dirigido pela professora da Ufal Andréa Paiva, que conta a história de Nazo, penedense que luta pelo seu direito de ser LGBTQIA+.
Em 2021, o Circuito Penedo de Cinema conseguiu lotar sessões e dialogar sobre os filmes por meio da rádio UFAL e das transmissões simultâneas no canal do Youtube do Circuito.
INAUGURAÇÃO CINE SÃO FRANCISCO
Ainda durante esta edição do Circuito, houve a inauguração do Centro de Convenções da cidade de Penedo e do Cine São Francisco em uma ação que aconteceu ao mesmo tempo em que ocorria as premiações dos filmes na sala de exibições, na Praça 12 de Abril.
A característica elitista da inauguração do Centro de Convenções marcou presença na noite, com convidados selecionados e com acesso restrito, inclusive para a população local. Esperada por todos os presentes, a abertura do tão sonhado Cine São Francisco contou com a participação do Governador de Alagoas e com apresentação cultural da cantora Elba Ramalho.
A promessa que fica para 2022 é que além do cinema montado na praça também hajam exibições de filmes no Cine São Francisco que havia sido inaugurado na 10ª edição do Circuito em 2020, mas que devido a falhas técnicas precisou ser interditado, sendo reinaugurado nesta última edição.
E sobre a novidade que havia sido mencionada no começo desse texto é que ano que vem, os filmes da Mostra de Cinema Infantil passarão para o âmbito competitivo, o que ampliará o limite do público presente no local.
Não foi difícil perceber a escassez de obras audiovisuais alagoanas nas mostras competitivas do evento. Menciono ainda que mesmo com poucos recursos estão sendo produzidos filmes em Alagoas, e que estes filmes figuram em outras Mostras no estado e fora dele. A Mostra Sururu de Cinema Alagoano por exemplo todos os anos visibiliza dezenas de produções audiovisuais que também são inscritas no Circuito, o que provoca estranhamento em perceber que apenas um pequeno percentual dos filmes alagoanos possam ter espaço no Circuito Penedo de Cinema a cada ano.
Finalizo a Cobertura da 11ª edição do Circuito Penedo de Cinema com o poema do escritor angolano Valter Hugo Mãe “Pela oportunidade da cultura, pela arte, pela educação, pelo ensino, nós podemos beirar a felicidade”. Seguimos desse lado torcendo que nos próximos anos as produções audiovisuais alagoanas sejam premiadas e reconhecidas novamente em Penedo, como lugar de resistência e luta.
A ideia da criação de mais janelas que abram portas para a cultura e produção de filmes locais é com certeza um grande passo não somente para os alagoanos, mas para todos aqueles que são apaixonados pelo audiovisual e que tem nesse espaço a oportunidade de ter suas obras vistas. Penedo tem sido palco do cinema e em sua 11ª edição conseguiu ir além e ampliar esse diálogo.
Agradecemos e parabenizamos a equipe do Alagoar por mais essa cobertura do Circuito Penedo de Cinema, entendendo esse momento como mais um espaço de resistência e re-existência.
Aproveito para destacar a importância da inauguração e reabertura do Cine São Francisco, espaço que desfrutaremos em sua plenitude em 2022 (agora como Centro de Convenções. Mas, preservando sua origem e finalidade também, para a sétima arte). Lembrando,ainda, que os méritos e a organização daquele momento festivo- a inauguração, foram de total responsabilidade da Prefeitura Municipal. Não tendo, desse modo, a organização do Circuito, nenhuma participação na dedução de datas, público e ou atrações.
Quanto ao pequeno número de filmes alagoanos nas três mostras competitivas, também lamentei, sendo essa a menor presença registrada, pelo menos nos últimos 6 ou 7 anos. O Circuito garante a essas curadorias autonomia absoluta na seleção dos filmes. Vale destacar que dos nove curadores 7 são alagoanos. Acatamos, respeitamos suas decisões.
Vale destacar, ainda, que a mostra retrospectiva-2020, da nossa querida Sururu se configura como mais um espaço para divulgação, circulação e fruição do cinema alagoano.
Reafirmando nosso absoluto compromisso com o cinema Caeté, o longa “Cavalo” de Rafhael Barbosa e Werner Salles, integrou, pela segunda edição consecutiva, nossa mostra de longas nacionais, ocupando o espaço que o cinema alagoano merece.
Finalizo agradecendo, mais uma vez, a importantíssima contribuição do Alagoar na construção de um evento que considero patrimônio do povo penedense e dos REALIZADORES alagoanos.