Cobertura: Mostra Foco | Série 1

Texto: Rosana Dias. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Foco – Série 1

A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes realizada de forma híbrida, conta em sua programação com a Mostra Foco, dividida em três séries, abordando distopias cotidianas e figurações de um pós-mundo. Filmes de curta metragem, selecionados pela curadoria de Camila Vieira, Felipe André Silva, Tatiana Carvalho Costa, ficarão disponíveis no site da mostra no período de 25 a 29 de janeiro de 2021.

 A destruição do Planeta Live (imagem em destaque)

O curta-metragem de Marcus Curvelo nos mostra um Brasil em colapso político, com imagens em preto e branco, rico em sobreposições de imagens. Temos um personagem em crise existencial entre executar o contrato de realizar uma live ou atirar contra si mesmo. O personagem com seus conflitos, sobre morar em um país racista que aos montes destrói o meio ambiente e os povos indígenas com sua política de extermínio.

Somado ao retrocesso causador de angústia, indigesto, que ocasiona pensamentos suicidas, homem x natureza. A necessidade de utopia na tentativa de se manter são, quando a lucidez é fragmentada, é o que mantém este personagem por um fio, sem saber ao certo onde atuar, se na vida ou na atuação, no fingir.

Céu de Agosto

Vemos nesse curta metragem, ficção, de direção de Jasmin Tenucci, a protagonista que vivencia suas inseguranças com uma gravidez, com os afazeres no trabalho e em sua casa nos cuidados diários com sua avó. Ao seu redor, o planeta está em chamas, animais morrem em decorrência das queimadas, nuvens formadas anunciam a vinda de um novo tempo, um tempo de novas queimadas, de estresse.

Em meio a este pandemônio, essa personagem vê um novo sentido para sua vida na Igreja Presbiteriana, um chamado, outra mulher que lhe chama a atenção. Sua rotina se modifica por meio dessa atração. A Igreja é um pano de fundo. Um ambiente no qual as pessoas se encontram, em busca de algo, de respostas, ainda que elas não sejam as convencionais.

Tenucci modifica esse espaço sagrado e mostra seu outro lado. Sagradas ali estão as mulheres que se encontram, seja para fugir dos vícios mundanos, seja para distanciar da realidade arfante.

Drama Queen

O curta com direção de Gabriela Luiza, realizado na quarentena de 2020, faz uso de cinema de invenção. A diretora se coloca em cena, e nesse processo podemos também nos encontrar/identificar em algumas imagens, passando da melancolia ao riso solto dentro de nossas casas, nas lives realizadas ou nas videochamadas, na solidão de nossos lares.

A montagem do filme é rica em imagens do nosso cotidiano das mídias sociais, sons que se misturam e formam um outro produto, projeto gráfico que enriquece as imagens. O filme é uma mostra de filmes de quarentena, o que fazer com o tempo do ócio e do ódio criado nesse contexto? Com participação da atriz Mirella Façanha, e com trilha sonora que vai de músicas como o Bolero de Ravel a Drama, de Caetano Veloso.

Lambada Estranha

O filme com direção de Luisa Marques e Darks Miranda, nos mostra um cenário pós-apocalíptico, com seres estranhos em meio às ruínas, que se movimentam nesse ambiente ao som de vários ritmos de lambadas, com montagem de sobreposições de imagens, a cidade do Rio de Janeiro em chamas.

Corpos, corpas e o cosmos em justaposições, o ritmo que não para, os corpos não param de se movimentar, o calor, tudo em chamas. Esperamos por outros cenários, mas o cenário é o mesmo, as músicas mudam, a manipulação digital é altamente forte neste filme, assim como o ritmo quente da lambada. Tudo ali é estranho.

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