Cobertura: Mostra Foco | Série 3

Texto: Rosana Dias. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Os filmes da Mostra Foco | Série 3 da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes 2021, ficam disponíveis no site por 48h: de 22h do dia 27/1 às 22h do dia 29/1. Curadores dessa mostra: Camila Vieira, Felipe André Silva, Tatiana Carvalho Costa.

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Em preto e branco e em um ambiente futurista, com uma pegada sci-fi no Nordeste brasileiro, o curta-metragem de Júlia da Costa e Renata Mourão, apresenta duas jovens em uma Aracaju para o cidadão de bem, para aqueles que acreditam na meritocracia.

O distanciamento, além de temporal é utópico e manipulador, uma sociedade manipulada por aqueles do alto escalão da sociedade. Com deslocamento temporal e espacial. Crítica à política social, à estrutura e desestruturação socioeconômica.

Ponto forte é a performance realizada pelas protagonistas Joana (Débora Arruda) e Valenza (Dandara Fernandes). O filme possui potente montagem, edição, trilha sonora e figurino.

Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais

Nos mostra o deslocamento espaço-temporal, como uma espécie de chamado, o jovem Breno (Mateus Henrique Ferreira do Nascimento) tem contato com sua ancestralidade na luta pela sobrevivência, assim como os seus antepassados. Temos a natureza, a cidade/urbano e o futurismo.

Com memórias perdidas e a reintegração delas, numa espera pelo tempo de exercer a justiça por todos aqueles que um dia foram escravizados. A busca pelo quilombo, na luta interna e externa do jovem Breno, que se prepara para uma viagem no tempo, presente, futuro e passado.

O sagrado e o profano se encontram no filme cuja direção é de Rafael Luan e Mike Dutra, este sagrado está nos antepassados de Breno, que é profanado pela cobiça da necessidade de sua posse, da escravidão de pessoas negras no Brasil colonial.

Novo Mundo

O curta metragem com direção de Natara Ney e Gilvan Barreto, e com narração de Zezé Mota, tem a rica fotografia de Lílis Soares, e Direção de arte de Ananias Caldas, aborda a jornada da protagonista interpretada pela potente atuação de Mohana Uchoa, na busca de desbravar o território.

Personagem que faz sua jornada reconhecendo localidades que escondem o sangue negro, entre seres encantados na mata, morte, escravidão e o sistema repressor escravagista brasileiro, vivências em campos de extermínio de povos negros e indígenas, a luta por terras alheias, o sangue derramado, que não é doce e nem condensado. Natara e Gilvan abordam o massacre realizado por meio da Igreja, a religião imposta, pois para o catolicismo o povo negro não possuía alma, sendo aquela religião a verdadeira desalmada, assassina de negros, indígenas e mulheres.

Novo mundo nos mostra o extermínio de povos negros, que acontecia e ainda ocorre, o Brasil e sua necessidade sanguinária de clareamento de seu povo, “esclarecer”, “clarear”, limpar e sujar as mãos de sangue na colônia e na república.

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