Cobertura: Mostra Nordeste

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. 

Cobertura Mostra Nordeste – Programa Ivento, Vento ou Trivento | Festival de Cinema de Arapiraca 

Esta sessão da Mostra Nordeste é composta por cinco curtas-metragens, dois pernambucanos, dois paraibanos e um alagoano. O filme que abre esta série de curtas é Calibre 22 (AL) dirigido por Albert Ferreira e Claudemir Silva.

O  filme de ação e suspense é uma ficção que consegue, logo nos primeiros minutos, prender a atenção do público. Isto porque, a trama se constrói em meio a uma  investigação criminal. Não se sabe ao certo o que houve naquela cena de triplo homicídio, o que se tem apenas é uma boa teoria sobre o ocorrido.

O suposto crime deixou três pessoas mortas e uma ferida e foi registrado em uma igreja católica, no interior de Alagoas. De acordo com as investigações, os três homens foram assassinados por uma “Galega Boa de Mira”, que estava defendendo seu amigo e protetor, o padre da igreja da cidade, que parecia estar vivendo sob um disfarce. 

Após o ocorrido, a mulher fugiu do local e seguiu em busca de sua mãe e de sua filha que estavam em perigo. Além disso, os investigadores descobriram que a mulher era uma caçadora de relíquias e que tinha ido à procura do padre naquele dia para entregar para ele uma pistola do calibre 22. Uma arma muito valiosa. 

O filme é envolvente e esperamos por uma continuação, queremos saber o que acontece, quais são os possíveis desfechos das investigações e onde a mãe e a filha da Galega estão, se estão vivas e seguras. 

Severina (PE) dirigido por Gabriela Alcântara é um documentário que fala sobre família e ancestralidade. O curta conta a história do coco de roda, em uma comunidade do Sertão de Moxotó, em Pernambuco. 

As danças, os cantos e as cores ganham forma e força, enquanto a Mestra Severina Lopes retrata suas vivências com o coco de roda naquela região. Ficamos apaixonados pelos ritmos e pelo amor que a Mestra tem por sua cultura. Em sua fala, ela reconhece o quanto sua família foi importante para o desenvolvimento daquela cidade e o quanto vai continuar sendo.

O Brasil é o país onde mais mulheres trans são mortas no mundo. Um dossiê elaborado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) apontou que três mulheres trans são assassinadas por dia no Brasil. Diante desse triste cenário, o filme Inabitável (PE) dirigido por Matheus Farias e Enock Carvalho retrata as angústias de uma mãe que está à procura de sua filha desaparecida. 

O curta que se passa no Brasil pré-pandemia traz uma mulher negra da periferia de Pernambuco que sai em busca de sua filha, Roberta. Uma jovem trans, que desapareceu após sair de uma festa. 

Sem saber por onde começar, a mãe de Roberta decide não procurar a polícia, pois, infelizmente no Brasil, mulheres como a filha dela não são reconhecidas como pessoas. Vivemos a angústia da personagem. Com a ajuda de sua amiga e de uma amiga de Roberta, ela vai a hospitais, sai pelas ruas, distribui panfletos, mas parece que a jovem não vai mais voltar para casa. 

O que ela não percebe é que no quarto de Roberta havia um objeto desconhecido que lembrava uma cápsula do tempo, daquelas que vemos em filmes de aventura, além disso nos jornais, notícias alarmantes contavam como centenas de pessoas estavam desaparecendo em várias regiões do país.

Enquanto segue em busca de sua filha e na corrida contra o tempo,  ela recebe uma mensagem de esperança. Roberta não foi embora, ela voltou para casa.

O curta Caminho das Águas (PB) dirigido por Antônio Fargoni e Karla Ferreira é uma ficção, que retrata um futuro não tão distante do Brasil. Esse filme se passa no Agreste Pernambucano, no ano de 2029 e mostra o descaso do Governo com a população. 

No cenário de miséria, uma mulher é covardemente assassinada após protestar contra a falta d’água na porta da Prefeitura da cidade, sua sede é então saciada pelo sangue que escorre de seu corpo. 

O que prende o olhar nessa ‘ficção’ é a triste realidade que conversa com quem está do outro lado da tela. Enquanto vemos a personagem literalmente morrer de sede, ficamos pensando: ‘Até quando vamos deixar destruir nossas florestas? Até quando vamos poluir tanto o meio ambiente, que desastres ecológicos vão acabar nos custando a vida?’ Somos vítimas de Governos gananciosos que vendem, trocam e negociam nossa terra. Estamos fadados ao lamento.

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