Crítica: Nem todas as manhãs são iguais (dir. Fabi Melo)

Texto: Emanuella Lima. Revisão: Larissa Lisboa. 

Em processo de despedida: isto não é um adeus…

Nem todas as manhãs são iguais (PB) dirigido por Fabi Melo é um filme extremamente forte do início ao fim. 

Quando falo de força me vem à memória, a pequena Ana, dentro do carro de seu pai olhando as paisagens pela janela, enquanto narra aquele momento, como se conversasse com quem está do outro lado da tela, a observando. 

No filme, Ana se mostra como uma criança muito sábia e intuitiva, que consegue dar sentido às coisas e colorir os dias cinzas que atravessam o luto de seu pai. Seu Luiz, acabara de perder sua mãe, avó de Ana e precisava desocupar a casa onde ela morava. 

Naquele lugar, repleto de lembranças, Ana não mede esforços para trazê-las de volta, seja regando as flores do jardim de sua avó e as trazendo à vida ou fazendo o chocolate quente que ela costumava fazer. Infelizmente, quando perdemos pessoas, como os nossos avós, sentimos uma saudade imensurável, principalmente quando nos deparamos com personagens como Ana que nos fazem nos reconhecer em suas falas. 

As crianças não entendem bem a morte e nós adultos não entendemos também, tentamos dar sentindo, ressignificar o momento, mas na verdade a morte é uma incógnita, não conseguimos entender porque temos que perder aquilo que amamos, o ciclo da vida poderia facilmente explicar isso, mas como lidamos com os sentimentos?

Ana preferiu cuidar para que sua avó pudesse seguir em paz sendo lembrada. Acredito que todos nós já fomos um pouco de Ana, tentando sempre nos manter conectados ao que/quem afaga nossa alma e por isso não deixamos para trás o que amamos, já que o adeus é uma metáfora do tempo .

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