Cobertura: Mostra Panorama | Sessão 2

Texto: Janderson Felipe. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Panorama | Sessão 2

Uma sessão marcada fortemente pela presença de mulheres em tela, potência em performance e centralidade dessas figuras femininas, apresentando desde o sentimento de impotência provenientes das escolhas e imposições sobre o gênero até o poder de liderança capaz de erguer lares e se construir e reconstruir.

Seiva Bruta, de Gustavo Milan

É interessante ver como é um filme que aposta no drama narrativo, e constrói muito bem as modulações de tensões dentro da obra, sendo carregado fortemente pela história de uma mulher em luta pela sobrevivência. A presença de Samantha Castillo entrega a sensibilidade avassaladora dessa mulher em trânsito, não só de mudança de território, mas também de sua maternidade. A aposta em uma narrativa clássica reforça o drama de Marta, uma história que só avança e a cada virada Marta tem que lidar com as consequências de suas escolhas, levando a um final potente de recomeço.

Mangue branco, de Flávia K. Ventura

Histórias sobre como a violência de gênero e as condições que o patriarcado impõe sobre as mulheres atravessam alguns filmes dessa sessão, no caso de Mangue Branco, essas questões estão sobre detalhes da vida de uma mulher que tem sua rotina atravessada pela possibilidade da morte, a fazendo rever as pequenas coisas de sua vida que a aprisionam a uma condição de inércia. A força do filme está em olhar para essas coisas com a sutileza, um olhar, a dilatação do tempo de uma situação, o marasmo de uma vida com poucas perspectivas.

Opy’i Regua, de Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux

Filme que apresenta outro modo de vida, num Brasil profundo, mas que existe, a Cacica Júlia junto de sua família, formam uma comunidade onde as ações são compartilhadas, uma vida que não está para atingir metas, para dar conta de uma produtividade capitalista imposta, aqui a partilha e a comunhão se fazem em prol de dar vida ao lar de reza da aldeia, onde das crianças aos mais velhos participam.

Construção, de Leonardo da Rosa

A obra de Leonardo da Rosa é um retrato revelador das lutas por moradia no Brasil, a demonstração de quanto a violência de gênero atravessa essa luta e a vida de uma família que tem que erguer pelas próprias mãos uma casa para viverem. Aqui a partilha entre os iguais para levantar essa moradia está para representar a sobrevivência, sobre a fragilidade de um estado que não abraça a quem mais precisa, a cena em que o filho, ainda criança, projeta ser policial para poder defender a sua família é sintomática de uma falência sobre as instituições.

Acompanhe a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes on-line pelo site.

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