Cobertura: Mostra Panorama | Sessão 6

Texto: Janderson Felipe. Revisão: Larissa Lisboa. Imagem: divulgação.

Mostra Panorama | Sessão 6

A Mostra Panorama chega ao fim com uma sessão dissonante, não por se diferenciar de toda a trajetória que a mostra trouxe até hoje, que abarca e apresenta um recorte da produção contemporânea de curta-metragem brasileiro, e entender que se continuou fazendo filmes, das mais diversas formas se adaptando ao contexto da pandemia. Pouco se falou diretamente sobre ela, sendo que de alguma forma estava lá, seja no isolamento caseiro, no desgaste do contato com a tecnologia, mas também se falou muito para além desse contexto pandêmico, mostrou-se um cinema que pulsa também além do contexto.

Os quatros filmes distoam entre si, pela possibilidade de caminhar entre os registros de uma família que reimagina a perda, indo para o retorno de um jovem a sua cidade natal trazendo os medos do passado, mirando o território paulista a partir da perspectiva Guarani Mbya até a precarização de trabalho de uma mulher negra numa fábrica de tecidos, vendo assim as diversas possibilidades ainda potentes do cinema brasileiro.

Vida dentro de um melão, de Helena Frade

Memórias ganham vida através de marionetes, o afeto e o cuidado é perceptível a cada detalhe de Helena Frade para dar vida a casa antiga de sua família e seus familiares, os reimaginando, em um filme de homenagem dos encontros familiares, fazendo do luto a possibilidade de encontro no presente, um filme nostalgia onde as coisas pareciam mais simples e melhores.

Choveu há pouco na montanha deserta, de Rei Souza

Pouco se sabe sobre o passado de Henrique, mas o retorno a sua cidade traz a oportunidade de se reencontrar com o que deixou, porém o encontro mais presente em Choveu há pouco na montanha deserta é o desse jovem com ele mesmo, se vê nos silêncios, na dificuldade de se comunicar, a solidão em meio a multidão, faz do conflito interno de Henrique, que faz dele essa montanha deserta a espera da chuva.

Caminhos Encobertos, de Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral

A narrativa de contar a história da urbanidade através da perspectiva Guarani Mbya, a descolonização do olhar se materializando em tela, a terra guarani invadido e colonizada pelos bandeirantes e que hoje se tornou uma selva de pedras, forte a cena em que as duas lideranças estão mapeando as terras guaranis, são rastros de uma terra antes de ser Brasil.

Vitória, de Ricardo Alves Júnior

O adoecimento pelo trabalho e o sucateamento dos direitos trabalhistas levam Vitória a rever suas condições e querer lutar por seus direitos e melhorias, a convicção e a disposição da operária para mover as estruturas da fábrica têxtil são imponentes na tela através da interpretação de Rejane Faria, destaque também para o trabalho de som dentro da fábrica, tornando barulho maquinário elemento para impedimento do diálogo entre as operárias.

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